Instituto Superior Técnico

Observatório de Boas Práticas do IST

De Bom a Excelente, um workshop de Soft Skills com história

27 de julho, 2019

Educação Superior 2019

Selecionada “Boa Prática do Ano” 

Isabel Cristina Gonçalves, Gonçalo Moura (NDA.GATu)

Implementação da Boa Prática

Introdução

O Sistema de Identificação de Alunos de Baixo Rendimento Académico (BRAC) surgiu em 2009 na sequência da preocupação do Conselho Pedagógico com o baixo rendimento académico dos estudantes dos primeiros anos, que potencia situações de prescrição académica. Para além da Ficha do Tutor não existia outra forma de identificar e intervir junto destes alunos, e mesmo a Ficha do Tutor padecia do forte condicionalismo de depender do seu preenchimento e envio por parte do Tutor.

O BRAC pode ser referido como um sistema de identificação prematuro dos estudantes com dificuldades académicas, atuando de forma preventiva e permitindo ao Instituto Superior Técnico (IST) apoiar desde o início os estudantes que demonstrem maiores problemas de adaptação, evitando, por exemplo, que os mesmos prolonguem os resultados académicos insuficientes até à sua terceira inscrição. O sistema BRAC desenvolve-se em 5 momentos diferentes que originam listagens de contactos distintas. Após a extração destas listagens, os estudantes são contactados por email por parte do Núcleo de Desenvolvimento Académico (NDA).

Paralelamente a este sistema, foi criada a possibilidade de extrair uma listagem de estudantes cujo rendimento académico é regular ou excelente. Através do Fénix é possível extrair as listagens de estudantes com dificuldades académicas, bem como a dos estudantes que conseguem obter aprovação a todas as Unidades Curriculares (UCs) a que estiveram inscritos num dado semestre. Esta última listagem é a base para convidar os estudantes a participarem no Workshop De Bom a Excelente (DBE).

Workshop De Bom a Excelente

No ano letivo 2008/09 foi realizada a primeira edição do Workshop DBE, sendo este incluído e lecionado, ao longo de 7 sessões no âmbito da Unidade Curricular, Seminário de Aeroespacial II. Nas primeiras edições, o DBE foi lecionado ao longo de 7 aulas, das quais 3 eram dedicadas ao enquadramento teórico (incluindo uma sobre competências gerais necessárias à investigação em ciência e à redação de relatórios científicos), 3 às apresentações dos trabalhos dos alunos e uma final de encerramento e avaliação da atividade. O principal objetivo desta atividade era promover as competências de relacionamento interpessoal dos estudantes, nomeadamente as competências de trabalho em equipa (tomando como referencial teórico os conceitos da inteligência emocional), as competências de pesquisa científica e as competências de elaboração de apresentações orais mais eficientes. Esta parceria, neste “formato DBE” terminou no ano letivo 2011/12, tendo sido lançada a iniciativa para todos os estudantes do IST identificados, como foi referido anteriormente, nas listagens extraídas do sistema fénix.

Atualmente, o Workshop DBE existe em dois formatos distintos, sendo um pensado especificamente para os estudantes de 1º ciclo e outro pensado para os estudantes de 2º ciclo.

Os estudantes são convidados a participar nos workshops, em função do ciclo que frequentam. A seleção destes estudantes é efetuada em função dos mesmos obterem aprovação a todas as Unidades Curriculares a que estiveram inscritos. A média de cada estudante não é tida em conta neste processo de seleção.

Relativamente à estrutura de cada workshop esta divide-se da seguinte forma:

DBE 1º Ciclo

SESSÃO I

  • Apresentação
    • Promover o Conhecimento entre os Participantes
    • Atividade Prática: Apresentação
  • Inteligência Emocional
    • Conceito, Importância e Pertinência
  • Competências Transversais
    • Conceito, Importância e Pertinência
    • Assertividade & Feedback
    • Atividade Prática: Role Playing

SESSÃO II

  • Desenvolvimento Vocacional
    • Carreira VS Profissão
    • Maturidade Vocacional
    • Exploração Vocacional

SESSÃO III

  • Expressão Oral
    • Erros mais Comuns em Apresentações: Debate
    • Preparação
    • Design
    • Apresentação
  • Exercício Ícone de Sucesso: Explicação

SESSÃO IV

  • Exercício Ícone de Sucesso: Apresentação
  • Exercício Final de Autoscopia

DBE 2º Ciclo

SESSÃO I

  • Apresentação Individual
    • Promover o Conhecimento entre os Participantes
    • Atividade Prática: Apresentação
  • Inteligência Emocional (IE)
    • Conceito, Importância e Pertinência
  • Competências Transversais
    • Conceito, Importância e Pertinência
    • Assertividade & Feedback
    • Atividade Prática: Role Playing

SESSÃO II

  • IE e Trabalho em Equipa
    • Aplicação do conceito de IE ao trabalho em equipa
    • Case Study “Cirque du Soleil”
    • Preparação da atividade em grupo da sessão IV

SESSÃO III

  • IE e Liderança
    • Aplicação do conceito de IE à liderança
    • Case Study “José Mourinho”
    • Síntese: soft skills, IE, aplicações

SESSÃO IV

Exercício Ícone de Sucesso: Apresentações em grupo e discussão + feedback usando a grelha de análise das apresentações orais

1 sessão de desenvolvimento pessoal individual com o formador

Após participação em cada workshop, os estudantes têm direito a que o mesmo seja reconhecido no suplemente ao seu diploma de final de curso. Estas iniciativas são monitorizadas após o término de cada atividade de formação, sendo os dados recolhidos apresentados de seguida.

Resultados Alcançados, Avaliação e Monitorização

Ao longo de todas as edições do DBE os conteúdos foram sendo alterados e reformulados, à medida das necessidades dos estudantes e das competências que a equipa do Núcleo de Desenvolvimento Académico foi adquirindo.

Ao longo de todas as edições foi realizada uma monitorização por avaliação online ou em papel, no fim de cada atividade formativa. Porque os resultados dos últimos três anos letivos são um reflexo fidedigno de anos anteriores, e porque os mesmos se encontram mais sistematizados, passaremos a expor alguns dos dados obtidos via questionário online que incidiu sobre as seguintes categorias:

  • Desempenho dos formadores
  • Temas lecionados
  • Estrutura das ações formativas
  • Nível de satisfação global

Os dados que serão apresentados são referentes às três últimas edições de ambos os workshops, que foram direcionadas aos estudantes identificados nos anos letivos de 2015/16, 2016/17 e 2017/18. Desde há três anos que se realiza uma edição anual de cada workshop, dada a dimensão da equipa do NDA e as dificuldades sentidas em apurar listagens fiáveis em tempo útil. A taxa média global de reposta aos questionários foi de 80%.

Desempenho dos Formadores:

No que respeita ao desempenho dos formadores, em ambos os workshops, as categorias avaliadas foram referidas predominantemente como tendo uma avaliação excelente, como é possível verificar no gráfico da Figura 2 Figura 2 e da Figura 2.

 

Temas lecionados

No que respeita ao desempenho dos formadores, em ambos os workshops, as categorias avaliadas foram referidas, predominantemente como tendo uma avaliação excelente, como é possível verificar no gráfico da Figura 4 e da Figura 4.

Relativamente ao workshop DBE 2º ciclo, o interesse nos temas abordados foi a categoria que apresentou maior concentração de respostas, tendo sido avaliada como sendo “bom”. As restantes duas categorias obtiveram uma distribuição semelhante e regular pelos pontos “bom” e “excelente”.

No workshop DBE 1º ciclo as respostas apresentam uma concentração, quase uniforme, nas categorias “excelente” e “bom” nas três categorias avaliada.

Estrutura das ações formativas

Relativamente à estrutura dos workshops, estes foram avaliados quanto à duração e ao equilíbrio do conteúdo, no que respeita à teoria e prática lecionada.

No que respeita à duração temporal, 94% dos respondentes identificaram, relativamente ao workshop DBE 1 ciclo, a mesma como sendo adequada, não demonstrando necessidade de obter uma formação mais longa ou mais curta.

No que respeita ao workshop DBE 2º ciclo, 84% dos respondentes também referiram que o tempo da formação foi adequado, não sentido necessidade de proporem outra duração.

No workshop DBE 1º Ciclo, 55% dos respondentes assinalaram um bom equilíbrio entre teoria/prática, 40% um excelente equilíbrio e 4% consideram este equilíbrio suficiente.

Relativamente o workshop DBE 2º ciclo, 47% dos estudantes respondentes referiram que o equilíbrio entre teria e prática foi bom, 35% que este equilíbrio foi excelente e 18% que foi suficiente.

Nível de satisfação

Os estudantes também foram questionados relativamente ao seu nível de satisfação global com as atividades formativas, sendo estes níveis evidenciados na Figura 5. No gráfico é possível verificar que a globalidade das respostas se concentra do extremo positivo da escala de avaliação, tendo os estudantes ficado satisfeitos com as atividades de formação.

 

Carácter Inovador e Transferibilidade

Esta iniciativa, de um modo geral, apresenta resultados muito satisfatórios e parece corresponder às expectativas dos estudantes que frequentam os workshops.

É uma iniciativa que visa trabalhar e potenciar o desenvolvimento das Soft Skills dos estudantes que decidem embarcar neste desafio, cobrindo um conjunto de competências, tais como as de comunicação em público, colaboração, liderança, integração num grupo heterogéneo, espírito crítico e trabalho em equipa.

Este é um projeto, que apesar de já existir há 10 anos, não perdeu a sua pertinência e relevância. O trabalho desenvolvido nas sessões destas workshops, carecem de constante atualização e adaptação, no entanto enquadra- se nos objetivos e conteúdos do relatório produzido recentemente pela Comissão de Análise ao Modelo de Ensino e Práticas Pedagógicas do IST (CAMEPP), como sendo o treino das Soft Skills uma das áreas de investimento para a educação do futuro.

Esta atividade, com 10 anos de história no campo das Soft Skills, pretende continuar a promover competências de autorregulação (i.e. capacidade de identificar e regular a expressão emocional) e de regulação interpessoal (i.e. capacidade para identificar as emoções nos outros e de ajustar a comunicação à situação), tendo por base o conceito de integridade e fazendo uma aplicação às questões da liderança, da inserção no mercado de trabalho e na contínua melhoria do rendimento académico dos estudantes. No futuro, seria interessante alargar o programa formativo destes workshops, permitindo trabalhar mais competências, desenvolvendo-as em vários momentos do percurso académico dos estudantes. Também será fundamental compreender o impacto destas iniciativas no percurso académico e profissional dos estudantes, na ótica do aperfeiçoamento e adaptação destas atividades às necessidades emergentes do ensino superior, nacional e internacional, bem como do mercado de trabalho.

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