Instituto Superior Técnico

Observatório de Boas Práticas do IST

Avaliação de conhecimentos em “tempo real” através da plataforma online Kahoot

27 de julho, 2019

Educação Superior 2019

Bruna Mota, Inês Marques, Ana Póvoa (docentes DEG)

Implementação da Boa Prática

Trata-se de um modelo para avaliação de conhecimentos em tempo real efetuado aulas teóricas, correspondendo a uma percentagem da nota final (e.g. 5%). Por omissão, esta componente é parte integrante da avaliação; no caso de os alunos não pretenderem participar neste modelo de avaliação, informam os docentes, tendo em geral uma semana no início do semestre para tal. Caso não queiram participar a percentagem correspondente passa para a componente de teste.

Em cada aula teórica, são lançadas perguntas de escolha múltipla, através da plataforma online Kahoot a que os alunos respondem através de computadores, tablets ou telemóveis. Os três piores desempenhos não contam para a avaliação final.

Para estimular a participação e o espírito competitivo dos alunos, a avaliação é feita do seguinte modo:

– parte da cotação é atribuída apenas pela participação (e.g. 50%), independentemente do número de respostas corretas;

– o restante é atribuído proporcionalmente ao número de respostas corretas;

– é atribuída uma cotação bónus aos alunos que finalizam no TOP (e.g. melhores 10%).

Existem diferentes abordagens a esta última componente que passam por ter ou não em conta o tempo de resposta (fornecido pela plataforma Kahoot). Não tendo em conta o tempo de resposta, a cotação é atribuída apenas consoante o número de respostas certas, servindo o tempo de resposta apenas em caso de empate.

Esta prática pretende fomentar a participação nas aulas teóricas e o estudo contínuo ao longo do semestre. É também um modo de os alunos adquirirem uma prática de resposta a questões de escolha múltipla que será posteriormente usada em teste/exame. Permite, ainda, feedback imediato tanto aos alunos, que conseguem desde logo perceber se os conceitos foram aprendidos ou não, como aos docentes que percebem se é necessário explicar melhor a matéria em questão. É deixado tempo no final da aula para explicar o motivo das respostas certas, mas também o porquê das restantes respostas estarem erradas.

Resultados Alcançados

A prática descrita tem vindo a ser aplicada aos cursos de Licenciatura e Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial do Instituto Superior Técnico, nas Unidades Curriculares (UCs) de Gestão de Cadeias de Abastecimento (GCA), Gestão de Operações (GO), Complementos de Investigação Operacional (CIO); ao Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica, na UC de Sistemas e Saúde (SS) e na UC de Gestão Logística e de Operações (GLO) para os Mestrados Integrados em Engenharia Biomédica, Engenharia Química, Engenharia e Gestão da Energia, Engenharia Biológica, Engenharia de Petróleos e Engenharia Mecânica.

No 2º semestre de 2017/2018, as taxas de avaliação por Kahoot por aluno avaliado

por UC foram:

  • SS 81%

No 1º semestre de 2018/2019, as taxas de avaliação por Kahoot por aluno avaliado por UC foram:

  • GCA 74%
  • CIO 82%

No 2º semestre de 2018/2019 as taxas de avaliação por Kahoot por aluno inscrito por UC são:

  • GO 87%
  • GLO 66%

Ao longo do período de implementação desta prática pedagógica, os docentes foram-se apercebendo que alguns alunos escolhiam não participar, apesar de serem

assíduos nas aulas teóricas das UCs em questão. Para perceber as razões desta opção, que se pensava que poderiam estar ligadas a questões emocionais ou de gestão de pressão, foi elaborado um inquérito aos alunos. Pretendeu-se, ainda, perceber qual a perceção dos alunos relativamente ao modelo de avaliação que contempla uma perspetiva de competição pelo TOP.

Foi possível obter um conjunto de 176 respostas, das diversas UCs indicadas, distribuídas da seguinte forma:

  • GCA 30 (17%)
  • GO 61 (35%)
  • GLO 26 (15%)
  • CIO 31 (18%)
  • SS 28 (16%)

Das 176 respostas, 28 (16%) foram de alunos que escolheram não participar neste modelo de avaliação. As razões apontadas para esta escolha foram as seguintes:

– “Achei que iria prejudicar a minha nota final” – 4%

-“Não lido bem com momentos de pressão” – 25%

“Não tinha a certeza se conseguiria estar presente em todas as aulas” – 57%

Avaliação e Monitorização

No inquérito feito aos alunos, foi colocada uma pergunta de resposta aberta, onde os alunos poderiam sugerir oportunidades de melhoria a esta prática. As respostas foram agrupadas nos seguintes pontos principais:

  1. Respostas relacionadas com as perguntas e as respostas aos quizzes:

– Perguntas e respostas concisas, claras e não ambíguas

– Introdução de perguntas de caráter mais prático

– Número e complexidade das perguntas ajustadas ao tempo disponível (alguns sugeriram mais, outros menos perguntas) – Em cada aula, colocar perguntas sobre a matéria dada até à aula anterior, para fomentar mais o estudo contínuo, e não apenas sobre os temas discutidos na própria aula

– Possibilidade dos alunos submeterem questões para serem avaliadas por todos

– Renovação frequente das perguntas colocadas

  1. Respostas relacionadas com a correção dos quizzes:

– Deixar mais tempo para a explicação das respostas certas e erradas

– Disponibilizar os quizzes e as respetivas respostas

  1. Respostas relacionadas com o modelo de avaliação:

– Contabilizar apenas se melhorar a nota final – esta sugestão é reforçada pelos resultados do inquérito que mostrou que 46% dos alunos que escolheram não ser avaliados por este método participaram sempre no mesmo e 32% com frequência.

Estes resultados validam a hipótese levantada pelos docentes em relação aos fatores emocionais relacionados com a pressão do tempo de resposta.

– Não ter o fator “tempo de resposta” em consideração na atribuição do TOP

– Aumentar a percentagem associada a esta componente de avaliação

– Aumentar o fator Bónus (TOP) para 25% dos alunos

– Tornar o método de avaliação mais claro e percetível

  1. Respostas relacionadas com questões técnicas e/ou éticas:

– Problemas de acesso à internet na sala de aula – esta questão poderia ser contornada se esta componente for contabilizada apenas no caso de beneficiar a nota final da UC

– Perguntas simultaneamente em inglês e português (o que não é possível na plataforma kahoot)

-Desenvolver método para evitar/minimizar a possibilidade dos alunos copiarem as respostas uns dos outros – alguns alunos sugeriram a exploração de outras plataformas além do Kahoot, com outras funcionalidades

Carácter Inovador e Transferibilidade

A prática de aplicação de quizzes (perguntas de escolha múltipla) utilizando a plataforma online Kahoot já havia sido descrita anteriormente. Os aspetos inovadores que aqui são propostos dizem respeito à sua integração no modelo de avaliação da unidade curricular e também à atribuição de valores de bónus para os alunos no TOP (e.g. TOP10).

Com base na informação recolhida através do inquérito, foi possível perceber que seria importante discutir com os alunos, desde o início, o que são consideradas boas estratégias na participação nesta componente de avaliação. Em particular, consideramos importante transmitir aos alunos que o fator “tempo de resposta” tem

muito pouco impacto para a contabilização do TOP10 uma vez que o número de respostas corretas no final do semestre é, geralmente, muito variado, o que permite por si só diferenciar os alunos. Esta informação permitirá que os alunos se sintam menos pressionados em competir pelo fator “tempo” de resposta e se concentrem mais em perceber claramente a pergunta, avaliando calmamente as alternativas de respostas. Este método de participação aproxima-se mais dos objetivos propostos, de aprendizagem e trabalho contínuo ao longo do semestre.

Salienta-se, ainda, que as regras e a forma de cálculo da nota final, nesta componente de avaliação, estão detalhadamente descritos no material de cada UC.

Num exercício de benchmarking, consideramos também importante, numa fase inicial:

-ter perguntas e respostas claras, concisas, não ambíguas, e ajustadas ao tempo disponível;

– deixar tempo suficiente no final da aula para explicação das respostas certas e erradas.

Com base nas respostas obtidas, pretende-se igualmente testar e explorar outras das opções sugeridas pelos alunos, nomeadamente a possibilidade de integrar perguntas propostas pelos estudantes, variar o número de perguntas, colocar perguntas de caráter mais prático e sobre matérias discutidas em aulas anteriores.

Por outro lado, outras funcionalidades, desta ferramenta ou outras com objetivo semelhante, poderão ser também exploradas.

 

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