Instituto Superior Técnico

Observatório de Boas Práticas do IST

Projeto Observar e Aprender da Universidade de Lisboa

26 de julho, 2018

Educação Superior ● 2018

Maria Beatriz Silva (docente IST DEM, CP); Luís Castro (docente IST DECivil, CG); Miguel Mourato (docente, CP, ISA), Luísa Louro (docente, CG, ISA); Maria Henriques (docente, CP, FF); Helena Iglésias Pereira, (docente, CP, FC); Luís Tinoca (docente, CP, IE), Marta Almeida (docente, IE); Carla Crespo (docente, CP, FP); Isabel Gonçalves, Natália Rocha, Helena Borges (IST NDA.GATu); Marta Graça, Filipa David (IST AEP/NEP)

https://sites.google.com/site/observareaprender/

Implementação da Boa Prática

O projeto Observar e Aprender visa estimular a atividade de docência no Ensino Superior, promovendo espaços de experimentação interdisciplinar e apoio aos docentes da Universidade de Lisboa (ULisboa), constituindo-se como um fórum de formação interdisciplinar.

O projeto, pioneiro na ULisboa, engloba representantes do Instituto Superior Técnico (IST), da Faculdade de Farmácia (FF), da Faculdade de Psicologia (FP), do Instituto Superior de Agronomia (ISA), da Faculdade de Ciências (FC) e do Instituto da Educação (IE).

O modelo de observação de pares tem como base um quarteto constituído por quatro docentes, oriundos de diferentes Escolas com diferentes formações e formando grupos de trabalho nos quais todos os intervenientes observam e são observados, no mínimo duas vezes.

Para apoio das observações foram criados um guião de procedimentos de observação e um manual de apoio.

Semestralmente é realizado um seminário para apresentação dos principais resultados da edição anterior do projeto, identificar as acções e a sua calendarização junto dos participantes da edição em curso, facilitando um primeiro contacto pessoal entre os participantes nos quartetos de observação. Em cada seminário é realizada uma palestra sobre uma temática do interesse dos participantes e associada ao projeto, e incentivada a apresentação de testemunhos.

As inscrições são realizadas via um google form, e a calendarização típica por semestre é a apresentada da Tabela 1.

Tabela 1 – Calendarização do projeto Observar e Aprender nos dois semestres de um ano letivo

Atividades a desenvolver Calendário 1º Semestre Calendário 2º Semestre
Ações de divulgação e convite à participação Até à data do seminário Até à data do seminário
Seminário inicial (e final da edição anterior) fevereiro – março setembro – outubro
Reunião inicial com os participantes no projeto dia do seminário dia do seminário
Observação das aulas março – junho outubro – janeiro
Recolha e tratamento de informação junho e julho janeiro e fevereiro

 

As acções de divulgação consistem num convite individual a todos os participantes em edições anteriores do projecto, havendo sempre o cuidado de assegurar a diversidade na área científica dos elementos que constituirão os quartetos de modo a manter a sua motivação no projecto; no envio de informação para divulgação para os Conselhos Pedagógicos (CP) das várias Escolas da ULisboa e na preparação/actualização de um poster com os principais resultados do projecto.

Resultados Alcançados

A equipa que coordena este projeto tem como objectivo assegurar o envolvimento e a participação ativa de todas as Unidades Orgânicas e dos docentes da ULisboa.

Actualmente foram realizadas 8 edições do projecto, desde o 2º semestre de 2013/2014. Ao longo destes quatro anos foi possível contar com a participação ativa de um total de 159 docentes, distribuídos por 17 Escolas da ULisboa.O número de participantes por Escola é apresentado na Figura 1, onde é visível a participação de docentes de 16 escolas da ULisboa, sendo que apenas o ISCSP não apresenta qualquer participação.
Figura 1 – Participantes no projecto Observar e Aprender por Escola

IST – Instituto Superior Técnico, FC – Faculdade de Ciências, FF – Faculdade de Fármácia, IE – Instituto de Educação, ISA – Instituto Superior de Agronomia, FM – Faculdade de Medicina, FL – Faculdade de Letras, FMD – Faculdade de Medicina Dentária, FD – Faculdade de Direito, ISEG – Instituto Superior de Economia e Gestão, FMV – Faculdade de Medicina Dentária, FA – Faculdade de Arquitetura, IGOT – Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, FMH – Faculdade de Motrocidade Humana, ICS – Instituto de Ciências Sociais, FBA – Faculdade de Belas Artes e ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

A análise da Figura 1 também deverá ser complementada pela referência ao universo de docentes de cada uma das Escolas, nomeadamente podemos verificar que no IST o universo de docentes é muito superior ao do IE, ISA, FF, FP e FC (que se aproxima mais do IST em termos do número de participantes).

Figura 2 – Distribuição do número de participações por docente

A distribuição do número de participações por docente está apresentada na Figura 2, onde se pode verificar que 51% dos docentes participou mais que uma vez. Verifica-se ainda que 13% dos docentes participaram no projecto no mínimo 3 vezes.

A Figura 3 apresenta o grau de satisfação com o projeto, ao nível do interesse e participação no mesmo, dados obtidos a partis da análise do inquérito de satisfação. Verifica-se que 82% dos participantes está muito interessado no projeto e que 65% dos participantes estão muito satisfeitos com a sua participação.

 

Figura 3 – Grau de Satisfação com o Projeto

Os docentes que se manifestaram menos satisfeitos com a sua participação no Observar e Aprender afirmam ter perdido algum do interesse inicial à medida que participavam um maior número de vezes (típicamente mais de três), considerando que os feedbacks recebidos se tornavam redundantes e acrescentavam menos valor.

Alguns dos testemunhos dos participantes ao projecto são:

  • “Troca de ideias e experiências pedagógicas com outros colegas de forma estruturada e organizada”
  • “Da observação das aulas, passei a ter mais consciência das minhas próprias aulas, pois ao estar no lugar de observador/estudante tomamos consciência das nossas próprias limitações.”
  • Permite conhecer outros espaços e comparar práticas letivas que conduzem a uma reflexão sobre a prática pedagógica pessoal.”
  • “Dada a importância do Projeto, tanto para os alunos quanto para os docentes, é imprescindível a continuação do mesmo.”

Avaliação e Monitorização

O processo de avaliação do Projeto foi evoluindo ao longo do tempo, tendo-se registado alterações ao nível de:

  • grelha de desempenho, inclusão da componente mais prática das aulas;
  • formulário de inscrição e inquérito de satisfação, revisão de acordo com sugestões dos participantes;
  • website, actualização progressiva dos conteúdos em função das necessidades manifestadas pelos participantes e/ou identificadas pela coordenação;
  • divulgação, reforço das actividades nas Escolas da ULisboa, nomeadamente através da elaboração de um poster semestral com os principais resultados do projeto;
  • seminários, diversificação das palestras quer em termos de temas quer em termos de participantes, quer ainda pela inclusão de testemunhos de participantes em edições anteriores. Rotação da localização dos seminários por todas as Escolas da ULisboa.

Os documentos apresentados na descrição da prática já se encontram na versão mais actualizada. Numa lógica de melhoria contínua a equipa de coordenação tem vindo a trabalhar no sentido de implementar algumas alterações no futuro:

  • criação de um grupo alargado de coordenação que inclua elementos de todas as Escolas da ULisboa com o objectivo de reforçar ainda mais a componente de divulgação do programa em Escolas que apresentam reduzido número de participações;
  • redução do número de seminários de dois para um por ano lectivo, de modo a concentrar os esforços da equipa de coordenação e assim mobilizar mais os docentes a participar;
  • com o objectivo de dar mais visibilidade e credibilidade ao projecto sugere-se a publicação dos resultados do projecto, nomeadamente na revista da ULisboa e em publicações científicas da área.

Carácter Inovador e Transferibilidade

Tem-se verificado uma tendência internacional e nacional, nos últimos vinte anos, para encarar a observação de aulas como um processo de interação profissional, de carácter essencialmente formativo, centrado no desenvolvimento individual e coletivo dos professores e na melhoria da qualidade do ensino e das aprendizagens.

A observação tem como objetivo fixar-se na situação em que se produzem os comportamentos, a fim de obter dados que possam garantir uma interpretação “situada” desses comportamentos (Estrela,1994).

A observação pode ser utilizada em diversos cenários e de diversas formas, tendo múltiplas finalidades, como enumera Reis (2011): “diagnosticar um problema, encontrar e testar possíveis soluções para um problema, explorar formas alternativas de alcançar os objetivos curriculares, aprender, apoiar um colega, avaliar o desempenho, estabelecer metas de desenvolvimento, avaliar o progresso, reforçar a confiança e estabelecer laços com os colegas”.

As competências e a prática letiva podem ser melhoradas através do feedback recebido pelo observado, mas também através da sensibilização pedagógica que resulta da atividade como observador, num esquema de observações em que os docentes participantes são voluntários e em que o anonimato e a confidencialidade se encontram assegurados.

No contexto da recente fusão entre a Universidade Técnica de Lisboa e a ULisboa, o projeto Observar e Aprender facilita o estabelecimento de laços e a partilha de experiências na área pedagógica entre docentes das várias Escolas, facilitando a criação de uma identidade comum. Nos seminários, muitos participantes e testemunhos revelam que os docentes partilham a sua experiência com colegas das suas Escolas mesmo quando os mesmos não participam no projeto.

Este projeto é inovador no IST e na ULisboa, ainda que tenha adotado e adaptado as práticas do projeto “Par em Par” da Universidade do Porto, mantendo-se a partilha de experiências entre os dois projetos da qual os dois saem enriquecidos. Deste modo a sua transferabilidade para outra Universidade está assegurada e até validada pelo sucesso destes dois projetos, que funcionam em Universidades diferentes.

Referências:

Estrela, A. (1994). Teoria e Prática de Observação de Classes: Uma estratégia de Formação de Professores. 4. ed. Porto, Porto Editora.

Reis, P. Observação de Aulas e Avaliação do Desempenho Docente. (2011). Lisboa: Ministério da Educação. (Cadernos do CCAP-2). Disponível em: <http://wwww.ccap.min-edu.pt/pub.htm>. Acesso em: 28 dez. 2013.

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