Instituto Superior Técnico

Observatório de Boas Práticas do IST

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Projeto Pensar Verde – Técnico

terça, novembro 8th, 2022

Investigação, Desenvolvimento e Inovação ● 2022

Projeto Pensar Verde – Técnico

https://www.facebook.com/pensarverdeist https://www.instagram.com/pensarverde_ist/

 Implementação da Prática

O projeto “Pensar Verde – IST” visa ao desenvolvimento de um plano integrado de pequenas iniciativas para o espaço exterior do Campus Alameda do Instituto Superior Técnico. As iniciativas promovidas têm como objetivo tornar campus um espaço sustentável, biodiverso, acessível, confortável e comunicativo, com especial consideração do quadro atual, onde é importante proporcionar espaços exteriores acolhedores, como medida de mitigação dos fatores de risco associados à pandemia por SARS-CoV-2 (COVID-19). Outro objetivo do projeto piloto é testar e monitorizar as iniciativas com vista ao desenvolvimento de um plano de valorização dos espaços exteriores dos campi IST. O projeto Pensar Verde é constituído pelas seguintes iniciativas: 1 – Hortus IST  Coordenação: Silvia Di Salvatore (MARETEC/LARSyS) 2 – Horta Pedagógica APIST Coordenação: Infantário APIST 3 – Coberturas Verdes Coordenação: Cristina Matos Silva (CERIS) 4 – Parede Verde Coordenação: Ana Galvão (CERIS) 5 – Jardins Confortáveis e Comunicativos Coordenação: Silvia Di Salvatore (MARETEC/LARSyS), Rosa Felix (CERIS).

Resultados Alcançados

1 – Hortus IST    O Hortus IST, criado em março de 2021, é um jardim da Biodiversidade e da Permacultura, constituído por um prado biodiverso florido, semeado com um conjunto de espécies silvestres portuguesas, e uma horta seguindo os princípios da permacultura com aplicação de aspetos da agricultura natural e sinérgica. O Hortus foi pensado como um espaço de partilha aberto a toda a comunidade do IST e o resultado, após um ano da sua implementação, é a existência de um grupo de mais de 20 colaboradores entre alunos, docentes, investigadores e funcionários. Foi ainda estabelecida uma colaboração estável com o Centro de Apoio para o Sem Abrigo (CASA), com doações semanais de hortaliças produzidas no Hortus. 2 – Horta Pedagógica APIST, é um conjunto de pequenas hortas geridas pelas educadoras e pelas crianças do Jardim de Infância da APIST, no Jardim Sul do campus, com o objetivo de aproximar os mais pequenos da natureza, e numa perspetiva pedagógica de conhecer e acompanhar o ciclo de desenvolvimento dos legumes e vegetais, compreender e experimentar cuidar e ser responsável pelo seu desenvolvimento, e promover a descoberta e o gosto por uma alimentação saudável. Como resultado, salienta-se um envolvimento constante desta comunidade para cuidar da horta, o interesse e a satisfação de acompanhar o seu desenvolvimento, e ainda a apreciação dos produtos da horta por parte da generalidade das crianças. 3 – Coberturas Verdes Integradas no projeto GENESIS https://www.projectgenesis-ist.com/, e instaladas no terraço junto do anfiteatro exterior do Pavilhão de Civil, trata-se de tabuleiros teste de coberturas verdes extensivas em clima mediterrâneo, abrangendo o seu comportamento hidrológico e térmico, bem como a incorporação de resíduos de construção e demolição em substratos técnicos e o consequente efeito no desenvolvimento da vegetação. 4 – Parede Verde Esta iniciativa é constituída pela instalação de uma parede verde irrigada por águas cinzentas, que constituem uma fonte alternativa à água potável, promovendo a economia circular e uma utilização sustentável de recursos hídricos. A parede verde foi pensada para servir de projeto de demonstração desta tecnologia, que é muito possivelmente a única a operar em Portugal. Destina-se não só a demonstrar perante a comunidade escolar e a sociedade, mas também será objeto de estudo por parte de estudantes de mestrado na realização da dissertação final, e irá também receber uma estudante internacional para a realização de parte do seu doutoramento. 5 – Jardins Acessíveis, Confortáveis e Comunicativos Após proposta no âmbito do Pensar Verde para melhorar a acessibilidade do Jardim de Mecânica I, usado para o estacionamento abusivo de motociclos, e do canteiro lateral usado para o estacionamento de carros, foram criadas zonas específicas de estacionamento de motociclos que permitiram voltar a ter um jardim acessível com condições para “estar ao ar livre”.

Avaliação e Monitorização

Cumprimento do objetivo inicial de servir de piloto para o desenvolvimento de uma estratégia de melhoramento do espaço exterior do campus, que se concretizou com o pedido por parte dos organismos centrais, para dar apoio no desenvolvimento de um plano para aumentar a biodiversidade do campus. Cumprimento do objetivo inicial de servir de laboratório vivo para contribuir para estabelecer uma ponte entre o conhecimento gerado no Campus e a Sociedade, demonstrando como é possível em ambiente urbano contribuir para a circularidade de recursos/resíduos, nomeadamente no âmbito do “comunicar ciência”, com a participação do Hortus e do Parede Verde no Dia do Técnico 2022. Identificação da necessidade de desenvolvimento de um projeto de sinalética para melhorar a visibilidade das iniciativas e a comunicação junto da comunidade IST.

Carácter Inovador e Transferibilidade

Este conjunto de experiências científicas, com ligação ao ensino e à investigação de vários centros de I&D do IST, constituem um laboratório vivo, experimentando e monitorizando práticas e métodos para a gestão integrada de recursos, para otimizar a gestão dos espaços exteriores dos campi universitários, com o caráter inovador do envolvimento transversal de toda a comunidade acadêmica, entre alunos, docentes, investigadores e funcionários. A integração pretendida entre as experiências previstas transcende igualmente o espaço do campus, podendo servir de ponto de demonstração para o espaço urbano, nomeadamente: – recebemos o pedido do Centro de Acolhimento de Emergência Municipal, instalado no Campo de Santa Bárbara, onde são acolhidos cerca de 200 pessoas em situação de sem abrigo, para replicar o nosso modelo de horta sinérgica no pátio do centro, para dinamizar uma atividade diurna para esta comunidade, e a criação de um pequeno mercado para a venda do produtos da horta com o objetivo de aproximar esta população ao bairro. – com o Centro de Acolhimento de Emergência Municipal foi ainda realizada uma colaboração no âmbito da cadeira de Projeto I do Mestrado Integrado em Arquitetura do IST. Os alunos desenvolveram projetos para o pátio do centro, no âmbito do exercício final do 1º semestre e ainda será realizada uma exposição dos trabalhos. Esta experiência teve o resultado de aproximar os alunos a uma realidade social muito especial que futuros arquitetos não podem ignorar. – foi estabelecida a colaboração estável com o Centro de Apoio para o Sem Abrigo (CASA), com doações semanais de hortaliças produzidas no Hortus.

Clube de Estudantes do Técnico sobre Saúde Mental e Inclusão

terça, novembro 8th, 2022

Promoção da saúde mental e inclusão na comunidade académica do Técnico● 2022

Clube de Estudantes do Técnico sobre Saúde Mental e Inclusão

http://mentalhealthclub.tecnico.ulisboa.pt/

Implementação da Prática

O “Clube de Estudantes do Técnico sobre Saúde Mental e Inclusão” foi criado em 2020 como uma resposta à preocupação acerca deste assunto transmitida por elementos da comunidade académica do Técnico ao Núcleo de Desenvolvimento Académico (NDA). Assim sendo, o Clube nasceu como um ponto de encontro de caráter transversal para a promoção da saúde mental e inclusão no Técnico, através da organização de atividades de sensibilização e apoio ao estudante.

De entre as atividades desenvolvidas, destaca-se o projeto “BrainStorms”, iniciado durante a fase inicial da pandemia COVID-19 em co-promoção com elementos do NDA. Este projeto consiste num ciclo de conversas informais via Zoom (18 até à data), onde se abordam questões a nível de saúde mental e inclusão, que se percecionam problemáticas no seio da comunidade do Técnico (e.g., igualdade de género, sentimento de pertença, aulas a distância, gestão das emoções em tempos de pandemia). As sessões contam com oradores convidados com experiência nas várias questões abordadas e são transmitidas através do canal de Youtube do Clube. Neste contexto, é de notar a parceria estabelecida com o programa FAIL! (MIT (EUA); 2017), focado na gestão positiva do fracasso em ambientes académicos e profissionais.

Para além disto, o Clube promoveu a implementação de um programa de mentorado para estudantes de PhD junto com o NAPE, o Clube de Estudantes de Doutoramento e a Área de Pós-Graduação, e tem colaborado com diversos grupos da esfera Técnico tais como o QueerIST, o Grupo de trabalho para estudantes com necessidades educativas especiais do Técnico, Women in Physics (WIP), a AEIST ou o Núcleo de Estudantes Africanos do IST na organização de palestras. Mais recentemente, o Clube está ainda a promover um ciclo de sensibilização acerca de comportamentos aditivos (substâncias, jogo, FOMO, sexo; Março-Abril 2022) e sessões periódicas de partilha e meditação guiada.

Resultados Alcançados

O objetivo do Clube tem sido o desenvolvimento de iniciativas focadas na melhoria da qualidade de vida cognitiva e/ou emocional e promoção de uma melhor saúde mental na comunidade do Técnico. Embora a organização e formato das atividades a desenvolver se viu afetada pela pandemia, foi possível desenvolver um número significativo de iniciativas via Zoom.

Assim, o impacto positivo da constituição do Clube na comunidade Técnico viu-se materializado através do desenvolvimento das atividades que se seguem:

– Abordagem de 18 assuntos relacionados com a saúde mental, resiliência, adaptabilidade ou pertença ao Técnico, entre outros, através das sessões do projeto “BrainStorms”, disponíveis no canal de Youtube do Clube (https://www.youtube.com/channel/UCdYHtc0et6xXe3ZH88zhZtQ). Entre elas, destacam-se as sessões de “Estes tempos não são para fracos” com Ana Moniz; “Sanidade mental e ensino à distância: Missão impossível?” com Teresa Espassandim; “Desconfinar, mas devagar: Resiliência, Qualidade de Vida e Saúde Mental” com Catarina Rivero, “Comunicar com Inclusão” com Yolanda Tati e Joana Lobo Antunes, “Técnico no feminino – Mulheres na Engenharia” com Isabel Ribeiro, “LGBTQ? E há +? Identidade e Saúde Mental” com Delso Batista ou “Sou uma fraude!? – Lidar com a Síndrome do Impostor” com Andreia Santos.

– Colaboração com o programa FAIL! (https://fail-sharing.org), criado no MIT (EUA) em 2017, e cujo foco é promover a desestigmatização do fracasso em ambientes académicos e profissionais e na sociedade em geral. Foram organizadas três sessões no contexto das “Brainstorms” com Arlindo Oliveira, Zita Martins e Miguel Duarte como oradores convidados;

– Implementação do programa de mentorado para estudantes de PhD em colaboração com o NAPE, o Clube de Estudantes de Doutoramento e a Área de Pós-Graduação;

– Realização de atividades conjuntas com outros núcleos/grupos da comunidade do Técnico tais como o QueerIST, Grupo de trabalho para estudantes com necessidades educativas especiais do Técnico, Women in Physics (WIP) ou Núcleo de Estudantes Africanos do IST;

– Estabelecimento de uma parceria com a AEIST que visa desenvolver atividades focalizadas na saúde mental (e.g., ciclo de partilha, sessões de meditação guiada).

Avaliação e Monitorização

O Clube está atualmente formado por estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento assim como alumni e/ou investigadoras/es do Técnico, com formação em diversas áreas (e.g., informática, física, engenharia civil, engenharia mecânica, engenharia química). As/os voluntárias/os são responsáveis pela organização das atividades em termos de: (i) conceptualização; (ii) contacto com potenciais parceiras/os e/ou especialistas nos assuntos a abordar; (iii) calendarização e definição do formato (on-line, híbrido ou presencial); (iv) elaboração da estratégia de comunicação e divulgação da atividade nas redes do Clube e site do Técnico; (v) realização efetiva da atividade (criação de links, moderação); (vi) avaliação do impacto quantitativo da atividade (engajamento por parte da comunidade, número de participantes, respostas ao formulário posterior às sessões); e (vii) avaliação do impacto qualitativo (discussão entre os membros do grupo acerca dos principais pontos positivos e identificação de estratégias a melhorar no futuro).

Neste contexto, os principais impactos positivos do Clube têm sido confirmados através dos seguintes pontos:

– Número de seguidores nas redes sociais do Clube: Instagram (539; https://www.instagram.com/saudementalist/), Facebook (177; https://www.facebook.com/Student-Club-on-Mental-Health-and-Inclusion-IST-101432234814705/), Twitter (87; https://twitter.com/SaudeMentalIST) e LinkedIn (14; https://www.linkedin.com/groups/12474728/);

– Número de subscritores no canal de YouTube do clube (227; https://www.youtube.com/channel/UCdYHtc0et6xXe3ZH88zhZtQ) e número de visualizações das sessões do “BrainStorms” (>3775);

– Estabelecimento de parcerias materializadas na realização (passada e futura) conjunta de atividades/programas com mais do que 10 núcleos/grupos/associações da esfera Técnico (e.g., NDA, NAPE, CommUnity by EIT InnoEnergy, Clube de Estudantes de Doutoramento, Área de Pós-Graduação, Núcleo de Estudantes Africanos, Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente, Núcleo de Minas, WIP, AEIST, QueerIST).

Carácter Inovador e Transferibilidade

A vida académica consegue traduzir-se numa fase de alto peso emocional, de alta pressão social e pressão adicional autoimposta. Neste sentido, iniciativas que se proponham a promover a manutenção da nossa saúde mental e a desmistificar distúrbios psicológicos são muito importantes e essenciais no ambiente académico do Técnico. Sabe-se também que o isolamento constitui uma agravante para os problemas associados à saúde mental que é necessário mitigar. Assim, através da formação do Clube, tem sido possível chegar mais facilmente aos vários elementos da comunidade académica e incentivar reflexões que melhorem o bem-estar individual e coletivo. Para além disto, até à data, não existia nenhuma organização de estudantes dedicada especificamente às questões associadas à saúde mental e à forma como esta se associa com a noção de inclusão. Para além do impacto na comunidade do Técnico, a criação do Clube vem a manifestar-se como uma estratégia com potencial para ser replicada em outras instituições de ensino superior. De facto, atividades como o projeto “Brainstorms” ou o programa de mentorado para estudantes de PhD, tipicamente vindos de fora do Técnico e sem uma rede de apoio e suporte suficientemente abrangente, têm potencial para serem reproduzidos em outras instituições de ensino superior.

Projecto Piloto “Mecânica I faz a diferença!”

terça, outubro 12th, 2021

Outra: Desenvolvimento Sustentável● 2021

Silvia Di Salvatore e Inês Ribeiro

ND

Implementação da Prática

O projeto piloto “Mecânica I faz a diferença!” (MFD), iniciativa do projeto Técnico Sustentável da Plataforma IST-Ambiente, com a colaboração dos núcleos de estudantes AmbientalIST e NEEA, decorreu no Pavilhão de Mecânica I do Campus Alameda do IST entre Novembro de 2019 e Março de 2020, teve como principal objetivo a introdução de um procedimento de separação e recolha diferenciada de resíduos sólidos urbanos (RSU) e o desenvolvimento de um modelo, com medidas de gestão operacional e estratégias de comunicação. O pavilhão onde decorreu o projeto é um edifício onde funcionam vários centros de investigação, laboratórios, uma biblioteca, uma sala de estudo e um anfiteatro, com uma população permanente de cerca 100 pessoas e uma população móbil de cerca de 50 pessoas.

O projeto piloto MDF foi desenvolvido em 4 fases:

Fase 1 – Monitorização. Nesta fase (Novembro 2019) foi realizada a monitorização dos resíduos do pavilhão geridos segundo o procedimento vigente no IST, com pesagens e estimativas volumétricas e qualitativas diárias dos resíduos indiferenciados produzidos no pavilhão, onde estavam instalados cerca de 100 caixotes em gabinetes e salas.

Fase 2 – Desenvolvimento do Modelo MFD, com medidas de gestão operacional com base Fase 1: 
- Remoção caixotes gabinetes e salas.
- Colocação de ecoilhas em espaços comuns do edifício (indiferenciado, plástico, papel, vidro e compostavel).
- Instalação de compostor no jardim do pavilhão. 
- Desenvolvimento Plano de Comunicação.

Fase 3 – Implementação:

– Lançamento de um Inquérito sobre Hábitos Sustentáveis em Ambiente de Trabalho junto de docentes, investigadores, funcionários e alunos do pavilhão.

– Desativação dos caixotes, colocação de 16 ecoilhas, e introdução de novo procedimento de recolha diária para os RSU indiferenciados e orgânicos, e semanal para os recicláveis.

Fase 4 – Avaliação.

Resultados Alcançados

Resultados da Fase 1

Os dados obtidos revelaram que no pavilhão (i) são produzidos em média cerca de 76 kg de resíduos indiferenciados por semana, (ii) 30% do total dos resíduos é das instalações sanitárias, e (iii) no total de resíduos indiferenciados, observou-se uma percentagem alta de resíduos plásticos e uma presença constante de resíduos orgânicos.

Resultados da Fase 2

– O Modelo MFD foi desenvolvido a partir de procedimentos já aplicados com sucesso em outras universidades, foi definido com base na fase de monitorização e nas características do espaço em análise, com as seguintes medidas: (i) a desativação de todos os caixotes de lixo indiferenciado dos gabinetes e das salas, (ii) a colocação de ilhas de separação de resíduos, constituídas por um conjunto de caixotes (indiferenciado, plástico, papel e cartão e vidro) em pontos estratégicos dos espaços comuns dos edifícios, tendo-se escolhido caixotes de cartão de 100 l, com características próprias para a recolha de resíduos, (iv) alteração do procedimento de recolha, passando a ser diária para os resíduos indiferenciados e orgânicos, e semanal para os resíduos plásticos e papel, (v) havendo uma considerável presença de orgânico nos resíduos do pavilhão, optou-se pela integração de pequenos baldes em algumas das ilhas, para permitir a separação dos resíduos orgânicos compostáveis e (vi) foi instalado um compostor no jardim do pavilhão, cedido pelo programa “Lisboa a Compostar” da CML. Juntamente com estes aspetos de gestão, desenvolveu-se um Plano de Comunicação constituído pela seguintes medidas integradas:

– Foi desenvolvido um inquérito sobre “Hábitos Sustentáveis em Ambiente de Trabalho” para todos os trabalhadores do pavilhão com o objetivo de caracterizar os hábitos da população do pavilhão e de consciencializar as pessoas sobre assuntos de sustentabilidade ambiental, para maximizar o sucesso do novo procedimento.

– Constituiu-se uma equipa de acompanhamento do projeto, formada pelos coordenadores do projeto, pelo gestor do edifício e a coordenadora das funcionárias de limpeza do pavilhão, com a função de (i) efetuar um levantamento das necessidades com vista a determinação do número de ilhas a implementar no pavilhão, (ii) desenvolver sessões de esclarecimento com os secretariados dos centros existentes no pavilhão, e ações de formação para todos os funcionários de limpeza sobre o novo procedimento (iii) garantir uma presença e acompanhamento constante na implementação do projeto.

– Foi desenvolvido um projeto gráfico com: (i) a elaboração de cartazes informativos de fácil leitura para os caixotes, onde confluíram texto e imagens com as principais regras de separação, (ii) a redação de plantas com a localização das ilhas para facilitar o controlo e a manutenção, (iii) a elaboração de cartazes, por parte dos alunos do núcleo AmbientalIST, para sensibilizar para a redução de gastos de papel e água nas instalações sanitárias.

Avaliação e Monitorização

Na sequência da monitorização do novo procedimento, observaram-se excelentes resultados, com 58% de resíduos recicláveis separados após introdução do modelo.  O inquérito aos utilizadores do pavilhão permitiu conhecer a população alvo de intervenção. Nomeadamente, foi possível concluir que, numa escala de 1 a 5, em média, os respondentes indicam que separam os resíduos (vidro, garrafas de plástico, baterias e resíduos químicos do trabalho) com regularidade (M=3.99; DP=1.31) e têm uma atitude pró-ambiental no trabalho muito positiva (M=4.41; DP=0.67). Os utilizadores deste pavilhão indicam ainda uma forte necessidade de se manterem informados sobre as questões pró-ambientais no seu local de trabalho (M=4.04, DP=0.81), reconhecendo no entanto que as atuais instalações do IST não são suficientes para a separação de resíduos (M=1.84, DP=1.02).

Carácter Inovador e Transferibilidade

O projeto piloto MFD permitiu testar o modelo desenvolvido, perceber as dificuldades e identificar os pontos essenciais para uma implementação de sucesso a larga escala em toda a instituição. A realização de estudos paralelos e integrados no plano de comunicação, nomeadamente o inquérito sobre os hábitos sustentáveis e a monitorização, permitiu não só comunicar eficazmente resultados, mas também efetuar análises ambientais e económicas do projeto, com resultados possíveis de extrapolar para todo o IST.

Este projeto serviu como laboratório de uma experiência colaborativa no campus Alameda, na qual participaram ativamente alunos, investigadores e funcionários docentes e não docentes. Foi também envolvida toda a comunidade do pavilhão através do plano de comunicação seguido, assegurando um sentimento de pertença que foi crucial para atingir estes resultados.

Exposição “Nó Cego” Workshops

domingo, setembro 20th, 2020

Ligação à Sociedade 2020

Clementina Teixeira, Natália Rocha, Manuel Pereira (NGMCC)

Implementação da Boa Prática

A exposição itinerante “Nó Cego” da autoria da Prof. Clementina Teixeira (aposentada do Departamento de Engenharia Química e homenageada na edição de 2019 do livro ”Mulheres na Ciência) nasceu de um projeto de cristais sobre a rede cristalina. Decorreu na semana de 23 a 27 de setembro de 2019, com um horário das 10h às 12h30 e das 14h às 17h, organizada pelo Serviço Educativo dos Museus do IST, no Museu Décio Thadeu. Estiveram presentes na exposição cerca de 260 participantes:

A equipa que fez parte da exposição foi composta por 3 elementos:

– Autora da Exposição – Profª Clementina Teixeira

– Serviço Educativo dos Museus do IST – Drª Natália Rocha

– Diretor do Museu Décio Thadeu – Prof. Manuel Pereira

A exposição “Nó Cego”, é composta por trabalhos de trapilho para reutilização de têxteis: 12 tapetes de talagarça plástica aos quadradinhos, recoberta de nós cegos (duas laçadas) de farrapos de roupas usadas da família, todas cortadas às tirinhas. Neles se misturaram o linho, o algodão e a popelina; a lã, a seda e a viscose; as licras dos leggings e o nylon; as chitas e até o tule das cortinas de há muitos anos. Tudo isto combinado obedecendo a regras simples de simetria no plano e temperado sobretudo com muita afetividade e memórias dos que partiram, deixando as roupas para trás e uma saudade imensa. Na sua maioria o vestuário usado já estava impróprio para doação e completamente fora de moda e, ainda, em muitos casos, afincadamente esburacado pelas traças (Clementina Teixeira).

Tivemos oito grupos escolares num total de 223 visitantes, dos seguintes estabelecimentos de ensino:

– Infantário da APIST (2 grupos – 3 aos 5 anos)

– Escola EB 2,3 Luís de Camões (1 grupo –8ª ano)

– Escola EB 1 O Leão de Arroios (4 grupos – 4ºano)

– Escola Secundária de Palmela (1 grupo – 9ºano)

Os restantes 37 visitantes foram de público em geral, maioritariamente funcionários docentes e não docentes do Técnico.

Resultados Alcançados

As visitas dos grupos escolares tinham o formato de workshop, em que a Prof. Clementina Teixeira introduzia o tema como se fosse uma história:

“…    Porém, não fui capaz de o deitar ao lixo…    Tinha no sótão restos da rede de plástico que servira nas exposições dos meus projetos Ciência Viva com cristais, a “”rede cristalina”” e logo compreendi que, além do trabalho manual como forma de entretenimento útil e de reciclagem de têxteis, poderiam aqui ser explorados conceitos de simetria e matemática, para calcular o número de nós dados, sem fazer a sua contagem exaustiva. Se as simetrias são atualmente exploradas em projetos de divulgação da Matemática tendo como base a calçada portuguesa, os crochés e bordados, por que não fazer o mesmo nestes trabalhos tão simples de executar? Além do mais, compreender a simetria ao nível do plano, é o primeiro ponto de partida para compreender a simetria tridimensional dos cristais, logo, a ideia tem pernas para andar e será continuada noutras vertentes mais ambiciosas”.

Segundo a Profª Clementina  a “ Nó Cego” simboliza a necessidade de reutilizar têxteis, dando-lhes uma outra utilidade. Ainda mais curial se pensarmos nas microfibras de plástico que se acumulam nos mares e acabam fazendo parte da nossa cadeia alimentar. Todo este discurso foi adaptado aos níveis de escolaridade de cada grupo e ao público adulto de forma a dar consciência da importância de diminuir a geração do lixo, de ter um consumo consciente, de não desmatar, de não poluir as águas, de não queimar lixo ou resíduos a céu aberto. Advertir para pequenas atitudes diárias fazem toda a diferença, 8 “ Rs” da Sustentabilidade são muito fáceis de aplicar quando existe consciência. Outra das abordagens subjacentes na exposição é a ligação da Arte e Educação. Em Portugal, a recente legislação (decretos-lei nº 54/18 e nº 55/18) reforça o papel das artes na educação, estabelece a matriz de princípios, valores e áreas de competências a que deve obedecer o desenvolvimento do currículo e identifica como áreas essenciais a sensibilidade estética e artística, a par do pensamento crítico e criativo. Arte e Educação devem caminhar juntas na formação dos cidadãos. Todas estas temáticas (8 “R”, Arte e Educação, Arte e Ciência) estavam referenciadas em cartazes. Os grupos escolares também tiveram a oportunidade de realizar a atividade “ O microscópio vai ao tear”. Com a utilização da lupa estereoscópica) foi possível observar e fotografar os tecidos reciclados utilizados na exposição e “ jogando” com as simetrias no plano visualizado, conseguiu-se fazer novos padrões para aplicar em outros têxteis ou papel. Este tipo de atividade fortalece a ligação das ciências e tecnologias à sociedade e ajuda a desenvolver capacidades e competências de trabalho manual e educação visual. Esta atividade também fez parte das Jornadas Europeias do Património 2019, cujo o tema era o Património nas Artes e no Lazer, que decorreu no dia 27/09. Neste caso juntamos a Arte à Ciência.

Avaliação e Monitorização

Para esta prática não foi ainda implementada uma forma de avaliação formal ( será uma das coisas a melhorar no futuro), no entanto, trouxe resultados muito positivos. Primeiramente, foi uma forma de divulgação dos Museus de Geociências. No entanto, os resultados mais importantes se remetem ao público escolar que participou do evento. Ter várias escolas e ver os alunos a procurar empregar tais conhecimentos em uso da sua vida quotidiana foi um ganho incomensurável. Também foi bastante importante perceber que muitas crianças e jovens se sentiram estimulados não apenas em reutilizar os materiais que têm na escola ou em casa mas também o despertar para as várias aplicações da ciência ligada a outras áreas. A promoção de contextos informais de aprendizagem, que unem o “dentro da escola”  ao “ fora” devem ser potenciadas, para benefício dos estudantes (Voogt & Roblin, 2012).

Houve também ainda o ganho de ordem pessoal, tanto para a Professora Clementina Teixeira que estando aposentada continua a colaborar com o Instituto Superior Técnico, mantendo-se ativa e aplicando o seu vasto conhecimento na divulgação das ciências, como para a restante equipa dos Museus.

Deste modo, é intensão do Serviço Educativo dos Museus do Técnico prosseguir com este formato de atividades nos Museus. Isto é possível devido ao feedback dos estabelecimentos de ensino com quem temos parcerias e do público que visitou a exposição e participou nos workshops.

Carácter Inovador e Transferibilidade

O caráter inovador reside no fato de por meio da realização de uma exposição, sobre a reutilização de materiais que supostamente era lixo e com a aplicação de uma técnica manual, conseguiu-se  trabalhar conceitos relacionados com a Química e Geologia através das redes cristalinas a Matemática através da simetria e contagem dos nós. Para além de proporcionar a utilização de equipamento científico, como foi o caso da lupa estereoscópica, aos visitantes que na maioria não tem acesso a usar este tipo de equipamento, ao mesmo tempo esta iniciativa teve uma vertente de sensibilização, sobre a situação de emergência climática e ambiental global, em que reduzir o impacto ambiental é essencial para preservar o planeta. Foi usada  educação em contexto não-formal como ferramenta de conscientização frente aos problemas ambientais e divulgação da importância da geodiversidade para a sociedade.

Desta forma, a exposição conseguiu atingir sua meta de ser interdisciplinar, ao salientar que o conhecimento técnico-científico que se tem sobre

qualquer área do saber só será válido se, juntamente com ele, forem ensinados valores e uma visão crítica e questionadora sobre a vida.

Numa escola como o Instituto Superior Técnico existir este tipo de atividades aberta a todos, onde estes temas são discutidos e apresentados num formato não-formal, ligando a ciência à arte e educação, neste caso ambiental.

A nível da transferibilidade podemos considerá-la um exemplo de boa prática que pode ser replicada em outros espaços de educação formal, não-formal e informal, quer seja dentro ou fora da Universidade de Lisboa. Uma professora manifestou o desejo de realizar a exposição na escola em que trabalha,  de modo a continuar o debate sobre esta temática. A prática é facilmente transferível a partir de outra exposição pode-se criar igualmente workshops com temáticas sobre outro tema de interesse para a sociedade.