Instituto Superior Técnico

Observatório de Boas Práticas do IST

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Conservação e Restauro: abordagens, projectos e obras

segunda, setembro 28th, 2020

Educação Superior ● 2020

Helena Silva Barranha Gomes e Ana Paula Patrício Teixeira Ferreira Pinto França de Santana (docentes DECivil)

Implementação da Boa Prática

A prática “Conservação e Restauro: abordagens, projectos e obras” é suportada por um conjunto de visitas de estudo e conferências e constitui uma componente fundamental da UC de Teoria da Conservação e Restauro (TCR), que faz parte do plano de estudos do 4.º ano (2.º semestre) do Mestrado Integrado em Arquitectura do IST e da sua avaliação contínua. Embora, em anos lectivos anteriores, se tenham realizado iniciativas relacionadas com visitas e conferências, a partir de 2014-15 o programa e o método de avaliação da unidade curricular foram revistos e actualizados, com o objectivo de reforçar e dinamizar o potencial didáctico desta componente. Desde então, têm sido realizadas, em média, cinco a seis visitas de estudo e conferências. Cada aluno selecciona uma das actividades em que participou e elabora um relatório, que tem um peso de 25% na nota final da disciplina, no qual procede à análise e discussão do tema com a devida fundamentação teórica e bibliográfica.

Para além de viabilizarem uma articulação entre a teoria e a prática, estas actividades proporcionam aos alunos um contacto directo com diferentes profissionais, bem como com obras concluídas e em curso de conservação e/ou reabilitação de edifícios, conjuntos ou sítios com valor patrimonial. Potencia-se, assim, a articulação e a consolidação dos conhecimentos transmitidos nas aulas e, ao mesmo tempo, procura-se sensibilizar os alunos para a complexidade e a interdisciplinaridade dos problemas inerentes a qualquer intervenção, pondo em evidência diversos critérios deontológicos, conceptuais, culturais, materiais e tecnológicos.

Esta prática de ensino tem também permitido o envolvimento e a interacção dos alunos portugueses e estrangeiros com a realidade de várias instituições culturais com responsabilidade na gestão do património cultural português (museus, palácios, DGPC, PSML, entre outras). No tópico seguinte, indicam-se alguns exemplos de visitas de estudo e conferências realizadas até ao momento.

Resultados Alcançados

Nos cinco anos lectivos considerados para efeitos desta candidatura, organizaram-se 10 visitas de estudo e 19 conferências no âmbito unidade curricular de TCR. No seu conjunto, estas actividades mobilizaram cerca de 350 alunos, incluindo muitos estudantes estrangeiros em programas de mobilidade.

 

Ano lectivo Alunos inscritos em TCR Alunos que participaram
2014-15 68 61
2015-16 88 78
2016-17 92 78
2017-18 77 69
2018-19 75 62
Total 400 348

A prática “Conservação e Restauro: abordagens, projectos e obras” tem procurado abranger um leque tão diversificado quanto possível de problemas e perspectivas. Simultaneamente, estas iniciativas pretendem alargar o horizonte da formação académica, criando oportunidades de comunicação com instituições relevantes no domínio do património cultural, assim como gabinetes de arquitectura e empresas de conservação e restauro.

O programa de visitas de estudo incluiu os seguintes imóveis classificados: Castelo de São Jorge, Lisboa (com a colaboração dos Arqs. Victor Mestre e Sofia Aleixo, 2015); Teatro Thalia, Lisboa (visita conduzida pelo Arq. Gonçalo Byrne, 2016); Palácio Nacional de Queluz (2015 e 2016); Castelo dos Mouros, Sintra (2017); Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Lisboa (2017); Convento Capuchos, Sintra (2018); Sé Catedral, Lisboa (visita conduzida pelo Eng. Bessa Pinto, 2018); Museu de Lisboa – Palácio Pimenta (com a participação da Directora do Museu, Dr.ª Joana Sousa Morais, 2018); Colégio/Antigo Convento do Bom Sucesso (visita conduzida pela Directora do Colégio, Dr.ª Ana Mariz Fernandes e pelo Arq. Manuel Lapão, 2019).

Entre as conferências realizadas destacam-se, todos os anos, as aulas abertas com o Professor António Lamas, actualmente jubilado, que criou a unidade curricular de Conservação e Restauro no DECivil do IST e cujo percurso profissional foi marcado por diversos cargos dirigentes em instituições de referência no panorama cultural português. Nos cinco anos em apreço, as palestras com o Professor António Lamas têm tido um excelente impacto no processo de aprendizagem dos alunos, facilitando também a transferência de conhecimento entre gerações.

As conferências organizadas no âmbito de TCR envolveram não só oradores portugueses mas também convidados estrangeiros, aproveitando a sua estadia em Lisboa para outros eventos como aconteceu, por exemplo, em 2017, com as Professoras Giselle Beiguelman (Faculdade de Arquitectura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) e Cristina Jover (Universitat Politècnica de Catalunya, Barcelona). Importa ainda mencionar as iniciativas promovidas em parceria com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, ao abrigo do protocolo de colaboração anteriormente celebrado entre aquela instituição e o IST. Neste contexto, salientam-se as conferências com Annika Gunnarsson (curadora do Moderna Museet de Estocolmo, 2017) e com o Arq. João Herdade (Direcção-Geral do Património Cultural, 2019).

Avaliação e Monitorização

A monitorização e avaliação da prática “Conservação e Restauro: abordagens, projectos e obras” de TCR decorrem em vários momentos e sob diferentes perspectivas. Em termos do possível impacto destas actividades no sucesso académico dos alunos, os resultados obtidos na avaliação dos relatórios e na percentagem de aprovação constituem indicadores muito positivos e estáveis, como demonstra o resumo nos cinco anos em causa. Muito embora seja exigido aos alunos uma nota mínima de 9,5 valores na avaliação por exame, o valor médio da taxa de aprovação no período em causa foi superior 70%.

 

Teoria da Conservação e do Restauro – 2014 a 2019
Ano lectivo Nota média dos relatórios % Aprovação Nº alunos 1ª inscrição
2014-15 14,1 71 54
2015-16 13,7 86 77
2016-17 13,3 72 83
2017-18 13,9 69 64
2018-19 13,1 68 68

eficácia da prática de ensino adoptada em TCR tem também sido monitorizada através da recurso a questões específicas incluídas nos exames, para as quais a participação nas visitas de estudo e conferências tenham sido importantes para aprofundar e/ou exemplificar conteúdos leccionados em sala de aula.

Paralelamente, constata-se que estas iniciativas têm contribuído decisivamente para o sucesso da unidade curricular, que tem vindo a atrair um número crescente de alunos estrangeiros, como é evidenciado através do número de alunos em primeira inscrição. Esta percepção é também confirmada pelos resultados dos inquéritos aos alunos, no quadro do sistema de Garantia de Qualidade das Unidades Curriculares (QUC). Com efeito, ao longo destes cinco anos, a UC tem obtido óptimas classificações (entre 8 e 9 pontos) nos principais parâmetros e, nos anos lectivos 2016-17 e 2018-19, as docentes foram distinguidas como Docentes Excelentes.

No que respeita a hipóteses de melhoria, equaciona-se actualmente a criação de um grupo de partilha de relatórios num sítio da Internet com o objectivo de aumentar a visibilidade destas iniciativas, permitir um maior envolvimento dos alunos e promover a análise e discussão dos temas e casos abordados nas visitas e conferências. Para além de estimular o debate sobre os temas e projectos em estudo, esta plataforma permitirá identificar, de um modo mais directo e atempado, problemas e intervenções que os alunos considerem importante analisar, no âmbito da UC.

Carácter Inovador e Transferibilidade

A prática “Conservação e Restauro: abordagens, projectos e obras” adoptada semestralmente e suportada por visitas de estudo e conferências, levado a cabo desde o ano lectivo 2014-15, teve e tem um carácter inovador no IST, ao preconizar uma abordagem transdisciplinar em que se cruzam as ciências, as humanidades e as artes. Através do contributo de vários especialistas convidados, procura-se fomentar uma visão integrada do património cultural e da prática da conservação e do restauro, cruzando a arquitectura, a arquitectura paisagista, a arqueologia, a engenharia civil, a gestão cultural, as ciências do património, a museografia e a história da arte. A liberdade conferida aos alunos de escolherem a visita de estudo ou a conferência sobre a qual pretendem apresentar o relatório, e o facto da sua entrega ocorrer até 15 dias após a realização da visita da actividade, promovem a avaliação contínua, facilitam a gestão individual dos compromissos académicos dos alunos durante o semestre e a sua motivação para aprofundar temas por eles seleccionados. Neste sentido, a prática pedagógica em causa antecipou alguns dos Princípios Orientadores para a Reestruturação dos cursos de 1º e 2º ciclo do IST, que será implementada no IST em 2021-2022.

A prática de ensino adoptada em TCR, na sua componente de visitas de estudo e conferências, tem elevada sustentabilidade e replicabilidade, dado que pode ser concretizada sem a necessidade de recursos adicionais relevantes e pode ser facilmente transposta para outras unidades curriculares mediante o ajustamento do número, dos temas das actividades, das entidades/empresas envolvidas, das áreas científicas, dos especialistas e profissionais envolvidos na sua concretização. O formato de relatório e o respectivo peso na avaliação final dos alunos podem também ser adaptados aos objectivos de cada UC.

A ser replicada esta práctica em outras UCs, recomenda-se que seja efectuado, em sala de aula, o prévio enquadramento e articulação dos conteúdos leccionados com as visitas de estudo e conferências a realizar. A monitorização da implementação desta prática de ensino poderá ser efectuada através: da análise da participação dos alunos nas acções organizadas; do acompanhamento do desenvolvimento dos relatórios, para garantir adequada análise e discussão do tema em causa; da reacção/comentários dos alunos; da classificação obtida pelos alunos; das taxas de aprovação.

 

(an)Dar a Aula

segunda, setembro 28th, 2020

Educação Superior ● 2020

José Gonçalves Pinto (docente DEG)

Implementação da Boa Prática

O lugar do decente está ainda muito ligado à sua presença no “topo” da sala e a informação transmitida começa a chegar com dificuldade aos lugares mais “atrás”. Esta boa prática prende-se com a mobilidade do professor em sala que permite uma visão mais alargada do seu espaço de transmissão de conhecimento e ao mesmo tempo reduz a distância para um conjunto de alunos que se possam sentir mais afastados. Com a adoção de um transmissor wifi ligado ao projector, a utilização de um simples tablet pode conferir ao docente esta mobilidade.

A boa prática é usada nas aulas de Gestão Financeira (LEGI) com o intuito de desenvolver maior proximidade com os estudantes e uma maior liberdade de acção do docente.

A prática pode ser usada em aulas mais teóricas com a passagem dos tradicionais “slides” ou mesmo em aulas mais práticas com o recurso a ferramentas de escrita digital.

Resultados Alcançados

A prática aproxima mais os alunos dos conteúdos transmitidos por reduzir a distância entre o docente e o estudante.

A mobilidade do professor desperta também mais curiosidade e alerta no estudante e criava um ambiente mais dinâmico e ativo no aluno (como o confirmam algum feeback recebido):

Aproveito também para agradecer por ter sido nosso professor, pois as aulas eram bastante interessantes e estimulantes e a energia era bastante positiva, algo um pouco raro no nosso curso” R.

Olá professor,

É com muita alegria que o informo que recebi oferta das duas faculdades a que me candidatei. Estarei o próximo ano em Londres, na London Business School, mas estarei sempre disponível para ajudar no que precisar.” V.

A facilidade com que o professor se desloca possibilita esta maior proximidade.

Um dos grandes resultados é também a proximidade com alunos com maior dificuldade (muitos que acabam por se sentar nos lugares de trás) e de alunos mais barulhentos que com esta presença mais constante do professor acabam por se integrar melhor na aula.

Avaliação e Monitorização

A avaliação que podemos fazer é fundamentalmente de índole qualitativa pois a prática foi apenas aplicada num semestre sem ter seguido uma continuidade anterior. E neste aspeto a prática tornou-se importante pelos pontos já salientados anteriormente da dinâmica das aulas e “activação” dos alunos. Quanto a uma avaliação mais quantitativa o que podemos aferir é que nas classificações finais os estudantes tiveram uma taxa de aprovação de 93% com uma média final de 15,94 valores em 20 valores.

Carácter Inovador e Transferibilidade

Em termos de práticas encontradas no IST esta apresentada é inovadora pois coloca a sua enfase na mobilidade do docente quando em ambiente de sala de aula. Ao contrário de um simples “apresentador de slides”. Esta prática permite uma maior interacção com os conteúdos da cadeira no espaço da sala.

A prática pode ser usada em aulas teóricas (anfiteatros), com as limitações de em muitos deles haver apenas corredores laterais, e em aulas práticas (de resolução de problemas).

Dificuldades:

Sendo na sua natureza de fácil replicabilidade num outro contexto, o facto é que as salas do IST não estão adaptadas a uma prática deste formato, quer ao nível tecnológico quer ao nível do layout das salas.

Ao nível tecnológico esta prática requer uma ligação wireless ao projector, quando praticamente nenhum projector instalado tem esta capacidade. Este obstáculo pode ser suprido com um adaptador de sinal wireless, no entanto devido a alguns conflitos de protocolos dos equipamentos por vezes a ligação não é estabelecida ou é estabelecida com algumas falhas.

O outro obstáculo prende-se com o layout das salas de aula que por forma a gerir a lotação da mesma não deixa corredores de movimento para o docente pelo que mesmo com a tecnologia do seu lado a sua movimentação física fica muito limitada.

Soft Skills NDA

segunda, setembro 28th, 2020

Educação Superior ● 2020

Gonçalo Moura, Patrícia Simões, Leonor Moura e Isabel Gonçalves (NDA.GATu)

Implementação da Boa Prática

Todos os anos letivos, o Núcleo de Desenvolvimento Académico (NDA) é convidado a lecionar um conjunto de competências transversais (CTs) no âmbito de algumas unidades curriculares (UCs).

Atualmente o NDA colabora em 11 UCs (Figura 1).

Figura 1- Unidades Curriculares em que o NDA, atualmente, colabora

Cada coordenador, de cada UC, indica qual ou quais as temáticas que o NDA pode vir a co-lecionar em contexto de sala de aula. As coordenações podem optar entre Gestão de Tempo, Trabalho em Equipa, Expressão Escrita, Expressão Oral e/ou Ética, cada docente opta pelo(s) tema(s) que gostaria de ver abordado(s).

As variações possíveis, tendo em conta as solicitações de cada docente, são inúmeras, e o número de estudantes abrangidos é também muito variável, atendendo ao curso ou ao tipo de aula onde as formações são lecionadas.

A Tabela I resume o número de horas que a equipa do NDA atribui a cada formação, tendo em conta o curso, assim como permite compreender o número de estudantes presentes nas formações lecionadas no passado ano letivo (2018/2019).

 

Tabela I – Resumo das horas despendidas pelo NDA em contexto de formação, bem como o número de estudantes presentes por curso

(H – Horas; P – Participantes)

Curso
Expressão oral Trabalho em equipa Gestão do tempo Expressão escrita Ética Total
H P H P H P H P H P H P
LEGI
4 60 4 60
LEGM
1,5 18 1,5 12 1,5 19 1,5 18 6 67
LETI
1,5 50 1,5 51 1,5 53 1,5 45 6 199
MEAmb
1,5 17 1,5 17
MEBiol
1 57 1 50 2 107
MEC
5 113 5 128 5 113 5 128 20 482
MEEC
1,5 210 3 223 4,5 433
MEM
2 23 2 26 2 26 2 22 2 28 10 125
MEMec
16,5 151 14,25 148 16,5 142 14,25 158 2 120 63,5 719
MEQ
1 78 1 78
Total
27,5 433 25,75 575 34,5 691 24,25 372 6,5 216 118,5 2287

 

 

Através da Tabela I também é possível entender quais as temáticas ministradas em cada um dos cursos identificados. Embora o Mestrado Integrado em Engenharia Aeroespacial esteja identificado na Figura 1, não consta na Tabela I dado que é a única colaboração, no âmbito das competências transversais, em que o NDA não lecionada nenhum conteúdo (para mais informações poderá ser consultada a Boa Prática referente ao caso da disciplina de Seminário Aeroespacial II, anteriormente submetida – https://observist.tecnico.ulisboa.pt/files/sites/64/s_aero_ii-um-exemplo-de-melhoria-continua- de-uma-uc-de-1ciclo_educacao_superior.pdf).

Atualmente todos os elementos da equipa do NDA possuem competências de formação (e muitos deles têm o CAP), pelo que os 6 elementos da equipa participam, ao longo do ano letivo, em todas as atividades, existindo situações em que se encontram, pelo menos, 4 elementos a lecionar formações em simultâneo.

A submissão desta boa prática pretende compilar o trabalho realizado nos últimos três anos letivos, pelo NDA, no âmbito de algumas UCs, a convite dos responsáveis pelas mesmas, e sintetizar as principais aprendizagens que a implementação desta prática pode trazer para o ensino das CTs no IST. Assim, procurámos compreender como é que os estudantes avaliam as possibilidades de desenvolvimento das suas competências transversais no Técnico.

Avaliação e Monitorização

O NDA recolheu, para efeitos de sistematização da avaliação que os estudantes fazem da sua participação em UCs que integram o ensino das CTs no IST, dados relativos à sua experiência, através da aplicação online de um questionário de autorrelato. Foram contactados cerca de  3000 estudantes, dos cursos indicados na tabela abaixo, que ingressaram no Técnico entre os anos letivos de 2016/17 e 2018/19. No entanto, apenas participaram 270 estudantes.

Tabela II – Cursos aglomerados em grupos, em função da parceria entre as UCs e o NDA.

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
LETI LEGI LEE
MEC MEAmbi LENO
MEM MEBiol MEAer
MEMec MEEC MEFT

 

Os cursos foram aglomerados em grupos, tendo como critério as parcerias entre as UCs e o NDA. As secções do questionário foram adaptadas em função das características das parcerias.

Os estudantes do grupo 1 frequentaram formações de quatro temáticas: Gestão de tempo, Trabalho em Equipa, Expressão Oral e Expressão Escrita. O grupo 2 apenas teve acesso à formação de Gestão de Tempo. O grupo 3 foi introduzido como grupo de controlo, visto os estudantes não terem frequentado nenhuma formação do NDA, em contexto de sala de aula.

  1. Caracterização da amostra

No estudo participaram 270 estudantes do IST, sendo que 176 eram do género masculino, 93 do género feminino e 1 não-binário. Verificou-se que 97% têm idades compreendidas entre os 18 e os 23 anos. Relativamente ao ano de ingresso, a distribuição encontra-se na Figura 2.

Figura 2- Distribuição da amostra em função do ano de ingresso no IST.

Verificou-se que 7% dos estudantes já tinham frequentado o Ensino Superior e 22% mudaram de curso dentro do IST. A distribuição em função do curso é a seguinte:

 

Tabela III – Distribuição dos estudantes em função do curso

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
LETI 13 11,70% LEGI 19 17,30% LEE 1 2%
MEC 27 24,30% MEAmbi 11 10% LENO 0 0
MEM 8 7,20% MEBiol 26 23,60% MEAero 25 51%
MEMec 63 56,80% MEEC 54 49,10% MEFT 23 47%
Total 111 100% Total 110 100% Total 49 100%

 

 

Questionámos também se desenvolvem ou desenvolveram alguma atividade profissional no decorrer do curso, tendo-se verificado esta condição em 24% dos estudantes; e se têm/tiveram alguma atividade extracurricular ao longo do curso, interna ou externa ao IST:

Importa frisar que 57 estudantes do Grupo 1 referiram que não participaram nas formações do NDA. Assim, os resultados alusivos a este grupo apenas contemplam as respostas de 54 estudantes.

 

Tabela IV – Envolvimento dos estudantes inquiridos em atividades extracurriculares, em função do grupo.

Grupo 3 Sim, dentro do IST 37%
Sim, fora do IST 24% 84%
Sim, dentro e fora do IST 22%
Não 16% 16%
Grupo 2 Sim, dentro do IST 24%
Sim, fora do IST 33% 78%
Sim, dentro e fora do IST 22%
Não 22% 22%
Grupo 1 Sim, dentro do IST 21%
Sim, fora do IST 36% 73%
Sim, dentro e fora do IST 16%
Não 27% 27%

 

Resultados Alcançados

Os resultados obtidos na Figura 3, têm por base uma escala de quatro pontos (1 – Nada útil; 2 – Pouco útil; 3 – Útil; 4 – Muito útil), e possibilitam-nos compreender que na globalidade os estudantes percecionam as formações do NDA como sendo úteis, nomeadamente para o seu desenvolvimento pessoal.

Figura 3 – Perceção dos estudantes relativamente à utilidade geral das formações do NDA (dados obtidos apenas do Grupo 1).

 

Na Figura 4, é possível observar a distribuição dos resultados alusivos à perceção da aquisição das diversas competências de gestão de tempo. A escala utilizada foi de quatro pontos (1 – Discordo totalmente; 2 – Discordo; 3 – Concordo; 4 – Concordo totalmente). Tentou-se compreender de que forma as formações do NDA contribuíram para a aquisição destas competências (Grupo 1 e 2), comparando com o Grupo 3 (de controlo), que não teve formações com o NDA.

Relativamente à Ferramenta de Acompanhamento Semanal (FAS), esta apenas se aplica aos Grupos 1 e 2, devido à especificidade dos conteúdos abordados em contexto de sala de aula.

Nas restantes categorias verificamos que o Grupo 3 apresenta níveis de concordância mais elevados, exceto na “Compreensão do sistema de ECTS”, dado que este é um tema de maior complexidade e que é abordado detalhadamente em contexto de formação. Os resultados do Grupo 3 podem dever-se ao envolvimento dos estudantes em atividades extracurriculares, internas e/ou externas ao IST, fazendo com que percecionem uma boa aquisição destas competências. Este grupo apresenta uma maior participação em atividades extracurriculares (ver Tabela IV).

Na Figura 5 é possível comparar as perceções dos estudantes dos Grupos 1 e 3 relativamente às competências de trabalho em equipa. Verifica-se que os valores do Grupo 3 são mais elevados, o que novamente se pode dever à participação dos estudantes em atividades extracurriculares.

No geral, ambos os grupos consideraram que as suas competências melhoraram com a sua experiência no IST.

Figura 5- Comparação da perceção dos estudantes dos 3 Grupos face às competências de gestão de tempo.

 

Os estudantes dos Grupos 1 e 3 (ver Figura 6) reconheceram que as atividades desenvolvidas no IST, contribuíram para o desenvolvimento das competências de expressão oral. Verifica-se que os valores médios do Grupo 1 são superiores, o que se pode dever à formação lecionada pelo NDA.

Figura 6 – Perceção dos estudantes dos Grupos 1 e 3 sobre as competências de expressão oral.

 

Relativamente às competências de expressão escrita, na Figura 7 é possível verificar que, de um modo geral, os estudantes concordam que a experiência no Técnico contribuiu positivamente para a aquisição das mesmas. Apenas na categoria “Conhecer o conceito de plágio” o Grupo 3 apresenta um valor médio mais elevado.

Figura 7 – Perceção dos estudantes dos Grupos 1 e 3 sobre as competências de expressão escrita.

 

  1. Discussão

Relativamente às formações lecionadas pelo NDA, os estudantes reconheceram um maior impacto nas componentes de expressão escrita e oral (por comparação ao impacto do treino de competências de gestão de tempo e trabalho em equipa).

Importa também frisar que os dados recolhidos são referentes a diversos anos de ingresso (ver Figura 2), revelando que os estudantes reconhecem a importância e relevância destas temáticas em diversas fases do seu percurso académico. Um aspeto que reforça esta ideia, é o facto de os estudantes do Grupo 3 (que não tiveram acesso às formações do NDA), terem referido que consideram útil a aprendizagem de competências transversais (m = 3,6) e que gostariam de as ter incluídas no plano curricular de algumas UCs (m = 3,2).

Tendo em conta os resultados obtidos no estudo, é possível compreender que a experiência no Técnico, com ou sem formação do NDA, é relevante para a aquisição e desenvolvimento das competências referidas.

3.Avaliação e Monitorização

O processo de avaliação e monitorização contempla, essencialmente, duas vertentes: reuniões com os docentes responsáveis pelas UCs, feedbacks espontâneos de estudantes no decurso das aulas e questionários de satisfação (cujos resultados foram apresentados na submissão desta prática).

As reuniões com os docentes decorreram no início e/ou final do semestre em que ocorreu a colaboração na UC, servindo essencialmente para avaliar quais os aspetos a manter e os que necessitam de ser alterados no funcionamento da UC em termos da colaboração do NDA/conteúdos da formação, partindo dos feedbacks que resultam de colaborações anteriores, bem como do programa e objetivos da UC.

Em algumas das parcerias, no final do semestre, procedeu-se à recolha do feedback dos estudantes, através do preenchimento de questionários de satisfação. A informação recolhida para a fundamentação desta boa prática pretendeu ser mais ambiciosa, procurando perceber qual a perceção dos estudantes quanto à pertinência e utilidade dos conteúdos abordados para o seu desenvolvimento pessoal, académico e profissional. Esta avaliação decorreu algum tempo depois de terem estado inscritos na UC, i.e. tem um carater longitudinal, não se cingindo apenas à avaliação da satisfação com a forma e os meios utilizados para a transmissão da informação.

Os excertos de algumas respostas extensas de alguns participantes neste estudo deixam-nos algumas pistas precisamente sobre alguns aspetos positivos e algumas propostas de melhoria que os estudantes sugerem para estas parcerias:

Acho que seria muito benéfico um maior envolvimento do NDA ao longo do percurso do estudante, através de algumas UCs, e não só um ligeiro contacto no primeiro ano através de uma UC introdutória. Com a nova reestruturação de ensino do IST, sugiro que sejam estudadas formas de seguir a minha ideia, se porventura fizerem sentido.”

Considero as competências transversais extremamente importantes, no entanto acho que não devem representar uma quantidade considerável do programa de um curso

Ainda que reconheça a necessidade de desenvolver competências transversais durante o nosso percurso académico, não acredito que a abordagem certa seja a introdução de UCs unicamente nesse sentido, como está a ser pensado. Não tenho esta opinião porque ache que não são úteis de alguma forma, mas porque a sua introdução implica a redução de carga curricular de outras UCs que contribuem de forma muito mais determinante para a nossa formação. Assim, ao invés de obrigar os alunos a ter UCs, sem objetivo aparente relacionado com o curso que escolheram, penso que a abordagem mais adequada seria a introdução de mais componentes de avaliação que fomentem as nossas competências transversais. Um bom exemplo no MEAer é a UC Seminário Aeroespacial II que estimula a capacidade de trabalhar em grupo, de falar para um público e de desenvolver capacidades para uma escrita científica de qualidade, na qual o tema não é alheio aos gostos e interesses dos alunos, permitindo um maior interesse e, portanto, uma maior eficácia no desenvolvimento destes traços.”

Assim, a atitude de considerar o treino das CTs como algo relativamente supérfluo por contraponto com o ensino e treino em hard skills ainda se mantém bem vivo entre os estudantes, talvez exceto no que diz respeito ao treino de competências de expressão oral e escrita. As competências de gestão de tempo e de trabalho em equipa parecem ser treinadas de alguma forma, talvez não muito formal, noutras UCs do IST. O módulo de Ética não foi avaliado por intermédio de questionário. No geral, contudo, pode afirmar-se que os docentes e os estudantes dão um feedback positivo destas colaborações com o NDA, e daí que as mesmas se tenham sempre mantido ao longo dos anos, e crescido o número de solicitações, bem como a diversidade das temáticas introduzidas (o Gabinete de Apoio ao Tutorado iniciou esta atividade apenas com as formações de gestão de tempo e trabalho em equipa).

Carácter Inovador e Transferibilidade

As competências transversais, na definição da UNESCO, são aquelas competências que não se relacionam especificamente com um determinado trabalho, função, tarefa ou conteúdo académico, podendo ser usadas numa grande variedade de situações e contextos profissionais (Relatório da Comissão para as Competências Transversais, IST, p. 7).

A oferta de formação em competências transversais, inseridas em UCs, foi pioneira no IST, contribuindo para a inovação da formação dos estudantes dentro da Instituição. No panorama do Ensino Superior, o relatório da CAMEPP analisou 16 instituições de referência e identificou como boa prática presente em diversas escolas de referência as “competências transversais integradas nas unidades curriculares” (Relatório CAMEPP, p.xii). No inquérito feito aos ex- estudantes do IST pela CAMEPP os inquiridos exprimiram um grande contentamento com a qualidade, solidez e amplitude da formação no IST, tendo, contudo, indicado “como melhorias a necessidade de desenvolvimento de competências transversais” (Relatório CAMEPP, p. xiii).

A relevância das competências transversais na formação dos estudantes do IST está patente na proposta do “Modelo Técnico 2122”, em que, na vertente das Práticas Pedagógicas, se propõe o reforço da formação em soft skills no âmbito das UC existentes (Relatório CAMEPP, p. xiv).

A importância atribuída pelo IST às competências transversais está também presente no documento Princípios Enquadradores para a  Reestruturação  dos  Cursos  de  1º  e  2º  Ciclo  do Instituto Superior Técnico 2122 (PERCIST), onde se refere que as competências transversais integradas nas unidades curriculares foram identificadas pelo Relatório CAMEPP como uma boa prática seguida por um conjunto alargado de universidades de referência relevantes para o ensino no IST (PERCIST, p. 2). Neste Relatório, considera-se que o “Reforço da formação em soft skills”, apresentadas no relatório da CAMEPP, “receberam um apoio generalizado nas consultas efetuadas aos órgãos do IST, com ressalvas e preocupações pontuais relativamente a alguns dos pontos conceptuais do modelo que foram objeto de discussão adicional” (p. 3). Neste documento, na secção relativa à Organização Geral dos Cursos de 1º ciclo, propõe-se que a área principal de cada curso, que engloba as UC’s especificas do curso, deve-se também incluir as competências transversais (p. 8).

Assim, o carácter inovador destas colaborações parece-nos bem estabelecido, e seguramente o NDA acumulou, ao longo destes anos, muita experiência no que resulta e no que pode ser melhorado no treino de CTs. Em termos da transferibilidade das aprendizagens para o ecossistema IST, parece-nos de destacar que o treino pressupõe uma orientação constante e sistemática das várias UCs no sentido de oferecerem aos estudantes, de forma integrada, oportunidades de aprender, aplicar e desenvolver estas competências, valorizando a reflexão através do sistema de feedback e a avaliação deste tipo de competências nas UCs, o que por sua vez pressupõe a formação dos docentes nestas mesmas competências num nível elevado de proficiência.

 

Exposição “Nó Cego” Workshops

domingo, setembro 20th, 2020

Ligação à Sociedade 2020

Clementina Teixeira, Natália Rocha, Manuel Pereira (NGMCC)

Implementação da Boa Prática

A exposição itinerante “Nó Cego” da autoria da Prof. Clementina Teixeira (aposentada do Departamento de Engenharia Química e homenageada na edição de 2019 do livro ”Mulheres na Ciência) nasceu de um projeto de cristais sobre a rede cristalina. Decorreu na semana de 23 a 27 de setembro de 2019, com um horário das 10h às 12h30 e das 14h às 17h, organizada pelo Serviço Educativo dos Museus do IST, no Museu Décio Thadeu. Estiveram presentes na exposição cerca de 260 participantes:

A equipa que fez parte da exposição foi composta por 3 elementos:

– Autora da Exposição – Profª Clementina Teixeira

– Serviço Educativo dos Museus do IST – Drª Natália Rocha

– Diretor do Museu Décio Thadeu – Prof. Manuel Pereira

A exposição “Nó Cego”, é composta por trabalhos de trapilho para reutilização de têxteis: 12 tapetes de talagarça plástica aos quadradinhos, recoberta de nós cegos (duas laçadas) de farrapos de roupas usadas da família, todas cortadas às tirinhas. Neles se misturaram o linho, o algodão e a popelina; a lã, a seda e a viscose; as licras dos leggings e o nylon; as chitas e até o tule das cortinas de há muitos anos. Tudo isto combinado obedecendo a regras simples de simetria no plano e temperado sobretudo com muita afetividade e memórias dos que partiram, deixando as roupas para trás e uma saudade imensa. Na sua maioria o vestuário usado já estava impróprio para doação e completamente fora de moda e, ainda, em muitos casos, afincadamente esburacado pelas traças (Clementina Teixeira).

Tivemos oito grupos escolares num total de 223 visitantes, dos seguintes estabelecimentos de ensino:

– Infantário da APIST (2 grupos – 3 aos 5 anos)

– Escola EB 2,3 Luís de Camões (1 grupo –8ª ano)

– Escola EB 1 O Leão de Arroios (4 grupos – 4ºano)

– Escola Secundária de Palmela (1 grupo – 9ºano)

Os restantes 37 visitantes foram de público em geral, maioritariamente funcionários docentes e não docentes do Técnico.

Resultados Alcançados

As visitas dos grupos escolares tinham o formato de workshop, em que a Prof. Clementina Teixeira introduzia o tema como se fosse uma história:

“…    Porém, não fui capaz de o deitar ao lixo…    Tinha no sótão restos da rede de plástico que servira nas exposições dos meus projetos Ciência Viva com cristais, a “”rede cristalina”” e logo compreendi que, além do trabalho manual como forma de entretenimento útil e de reciclagem de têxteis, poderiam aqui ser explorados conceitos de simetria e matemática, para calcular o número de nós dados, sem fazer a sua contagem exaustiva. Se as simetrias são atualmente exploradas em projetos de divulgação da Matemática tendo como base a calçada portuguesa, os crochés e bordados, por que não fazer o mesmo nestes trabalhos tão simples de executar? Além do mais, compreender a simetria ao nível do plano, é o primeiro ponto de partida para compreender a simetria tridimensional dos cristais, logo, a ideia tem pernas para andar e será continuada noutras vertentes mais ambiciosas”.

Segundo a Profª Clementina  a “ Nó Cego” simboliza a necessidade de reutilizar têxteis, dando-lhes uma outra utilidade. Ainda mais curial se pensarmos nas microfibras de plástico que se acumulam nos mares e acabam fazendo parte da nossa cadeia alimentar. Todo este discurso foi adaptado aos níveis de escolaridade de cada grupo e ao público adulto de forma a dar consciência da importância de diminuir a geração do lixo, de ter um consumo consciente, de não desmatar, de não poluir as águas, de não queimar lixo ou resíduos a céu aberto. Advertir para pequenas atitudes diárias fazem toda a diferença, 8 “ Rs” da Sustentabilidade são muito fáceis de aplicar quando existe consciência. Outra das abordagens subjacentes na exposição é a ligação da Arte e Educação. Em Portugal, a recente legislação (decretos-lei nº 54/18 e nº 55/18) reforça o papel das artes na educação, estabelece a matriz de princípios, valores e áreas de competências a que deve obedecer o desenvolvimento do currículo e identifica como áreas essenciais a sensibilidade estética e artística, a par do pensamento crítico e criativo. Arte e Educação devem caminhar juntas na formação dos cidadãos. Todas estas temáticas (8 “R”, Arte e Educação, Arte e Ciência) estavam referenciadas em cartazes. Os grupos escolares também tiveram a oportunidade de realizar a atividade “ O microscópio vai ao tear”. Com a utilização da lupa estereoscópica) foi possível observar e fotografar os tecidos reciclados utilizados na exposição e “ jogando” com as simetrias no plano visualizado, conseguiu-se fazer novos padrões para aplicar em outros têxteis ou papel. Este tipo de atividade fortalece a ligação das ciências e tecnologias à sociedade e ajuda a desenvolver capacidades e competências de trabalho manual e educação visual. Esta atividade também fez parte das Jornadas Europeias do Património 2019, cujo o tema era o Património nas Artes e no Lazer, que decorreu no dia 27/09. Neste caso juntamos a Arte à Ciência.

Avaliação e Monitorização

Para esta prática não foi ainda implementada uma forma de avaliação formal ( será uma das coisas a melhorar no futuro), no entanto, trouxe resultados muito positivos. Primeiramente, foi uma forma de divulgação dos Museus de Geociências. No entanto, os resultados mais importantes se remetem ao público escolar que participou do evento. Ter várias escolas e ver os alunos a procurar empregar tais conhecimentos em uso da sua vida quotidiana foi um ganho incomensurável. Também foi bastante importante perceber que muitas crianças e jovens se sentiram estimulados não apenas em reutilizar os materiais que têm na escola ou em casa mas também o despertar para as várias aplicações da ciência ligada a outras áreas. A promoção de contextos informais de aprendizagem, que unem o “dentro da escola”  ao “ fora” devem ser potenciadas, para benefício dos estudantes (Voogt & Roblin, 2012).

Houve também ainda o ganho de ordem pessoal, tanto para a Professora Clementina Teixeira que estando aposentada continua a colaborar com o Instituto Superior Técnico, mantendo-se ativa e aplicando o seu vasto conhecimento na divulgação das ciências, como para a restante equipa dos Museus.

Deste modo, é intensão do Serviço Educativo dos Museus do Técnico prosseguir com este formato de atividades nos Museus. Isto é possível devido ao feedback dos estabelecimentos de ensino com quem temos parcerias e do público que visitou a exposição e participou nos workshops.

Carácter Inovador e Transferibilidade

O caráter inovador reside no fato de por meio da realização de uma exposição, sobre a reutilização de materiais que supostamente era lixo e com a aplicação de uma técnica manual, conseguiu-se  trabalhar conceitos relacionados com a Química e Geologia através das redes cristalinas a Matemática através da simetria e contagem dos nós. Para além de proporcionar a utilização de equipamento científico, como foi o caso da lupa estereoscópica, aos visitantes que na maioria não tem acesso a usar este tipo de equipamento, ao mesmo tempo esta iniciativa teve uma vertente de sensibilização, sobre a situação de emergência climática e ambiental global, em que reduzir o impacto ambiental é essencial para preservar o planeta. Foi usada  educação em contexto não-formal como ferramenta de conscientização frente aos problemas ambientais e divulgação da importância da geodiversidade para a sociedade.

Desta forma, a exposição conseguiu atingir sua meta de ser interdisciplinar, ao salientar que o conhecimento técnico-científico que se tem sobre

qualquer área do saber só será válido se, juntamente com ele, forem ensinados valores e uma visão crítica e questionadora sobre a vida.

Numa escola como o Instituto Superior Técnico existir este tipo de atividades aberta a todos, onde estes temas são discutidos e apresentados num formato não-formal, ligando a ciência à arte e educação, neste caso ambiental.

A nível da transferibilidade podemos considerá-la um exemplo de boa prática que pode ser replicada em outros espaços de educação formal, não-formal e informal, quer seja dentro ou fora da Universidade de Lisboa. Uma professora manifestou o desejo de realizar a exposição na escola em que trabalha,  de modo a continuar o debate sobre esta temática. A prática é facilmente transferível a partir de outra exposição pode-se criar igualmente workshops com temáticas sobre outro tema de interesse para a sociedade.

3D MAPPING: a visualização tridimensional de problemas complexos

sábado, julho 27th, 2019

Educação Superior 2019

José Manuel Gonçalves Pinto (docente DEG)

Implementação da Boa Prática

3D Mapping é uma ferramenta que usa diversos elementos físicos que potenciam a projeção de problemas complexos para um tabuleiro visual a três dimensões e que nos permite fazer emergir múltiplas dimensões e perspetivas para compreender os elementos do sistema como um todo.
A prática foi implementada nas aulas de Problemas da disciplina de Gestão a alunos do 1º ao 3º anos.

O problema em concreto pretendia-se a análise da situação atual de uma empresa dada num estudo de caso, e das possíveis decisões que poderiam ser tomadas para que a mesma conseguisse ultrapassar as dificuldades em que se encontrava.

Tradicionalmente este tipo de problemas é discutido em grupo de forma verbal. O que tenho observado da pratica da docência é de que numa discussão em grupo alguns dos seus elementos tendem a não participar, e/ou algumas questões ficam por abordar.

O que esta prática acrescenta é o fato de não estarmos apenas a resolver o caso de forma teórica, mas o caso toma uma “certa forma” real, ainda que metafórica.

Os estudantes são convidados a colocar as mãos na massa (objetos variados) e atribuir-lhes o significado que se adeque ao caso de estudo em questão.

Após o mapeamento do problema concreto os estudantes são convidados olharem o modelo e com base na sua observação de vários ângulos e com base nos seus conhecimentos a aplicarem as soluções que acham mais apropriadas modelando a escultura de modo a que esta seja alterada para o novo estado. Esta nova configuração mostrará de forma visual o impacto das medidas de resposta ao problema em questão.

Resultados Alcançados

Uma das conclusões imediatas é o fato de a discussão se tornar mais participativa, interativa e dinâmica. Os estudantes sentem-se mais envolvidos e capazes de desenvolver raciocínio crítico e dar opinião pois passam a referir-se ao “tabuleiro” e não a favor ou contra a opinião de um colega.

Com este objeto co-construído como referência, a possibilidade a surgirem novas ideias, ou questões que poderiam ficar na sombra ou esquecidas é ampliada, pois a forma visual concreta que o problema assume possibilita este pensar para além do que já está visível.

Uma outra vantagem observada prende-se com a própria dinâmica da aula e da relação professor/estudante. A aula tornou-se mais interessante e viva, quer pelos diferentes modelos visuais criados, quer pela melhor interação entre o professor e os alunos.

Avaliação e Monitorização

Para esta prática não foi ainda implementada uma forma de avaliação formal, no entanto, a satisfação dos estudantes que participam é visível pelo interesse demonstrado, pela participação ativa e generalizada de todos os estudantes da turma que se sentem envolvidos no processo e pelo fato de os grandes insights e tomadas de ação para a resolução dos problemas propostos estiverem de acordo com os propostos para o estudo de caso.

Devido à disposição das mesas em sala de aula, nalgumas situações foi difícil a partilha individualizada dos grupos pelo que salas mais amplas ou outro layout de disposição das mesas poderá potenciar este tipo de ferramentas.

 Carácter Inovador e Transferibilidade

O uso desta ferramenta passa do plano meramente mental para o plano visual e físico as questões levantadas pelos problemas complexos aqui se encontrando o seu caráter inovador.

Aliado a isso aplica princípios de gamificação por se assemelhar a um tabuleiro de jogo.

A transferibilidade desta ferramenta é enorme, pois pode ser aplicada a um grande número de situação e problemáticas que envolvam vários stakeholders e/ou situações.

É uma ferramenta dinâmica adequada a problemas não lineares ou de solução única, mas de resolução complexa e diversa. Problemas que abarquem mais do que uma área funcional de índole socioeconómica /sociotécnica ou sociocultural.

PhD Weeks – IST PhD Program in Architecture

sábado, julho 27th, 2019

Educação Superior 2019

Ana Tostões (docente DECivil)

Implementação da Boa Prática

A PhD Week surgiu no 1º semestre de 2010 como forma de intensificar o cruzamento de ideias e saberes entre os doutorandos de arquitetura. A ação assenta num ou mais dias de conferências e debates, e ocorre 4 vezes por ano –   outono, inverno, primavera e verão.

A premissa deste evento centra-se no intercâmbio entre visões de investigadores convidados e alunos, num ambiente informal.

O programa é estabelecido de acordo com um tema e engloba, numa primeira fase, a(s) conferência(s) dada(s) por um ou mais especialistas e a apresentação das pesquisas realizadas pelos doutorandos, seguidas por especialistas, doutorandos e da assistência.

Estas apresentações visam confrontar o aluno com outras metodologias de investigação, fazendo-o refletir sobre o seu trabalho, bem como prepará-lo para o apresentar e defender em público.

Ao evento assistem professores do mestrado e do doutoramento em arquitetura e de outros cursos, alunos do IST e de outras universidades, e um conjunto de personalidades interessados nos últimos desenvolvimentos destes temas.

A organização do evento é da responsabilidade da coordenadora do doutoramento em Arquitetura, a Professora Ana Tostões, e conta com o apoio do Instituto Superior Técnico, do CERIS, do Docomomo International e da Câmara Municipal de Lisboa e recentemente do CITUA, entre outras instituições.

A partir dos temas tratados pelos doutorandos surge a temática para a PhD Week e os nomes dos participantes convidados a contactar. Após confirmação dos convidados e estabelecido um programa começa a ser feita a produção gráfica de suporte ao evento para divulgar dentro do IST, pelos alunos e docentes do doutoramento e mestrado em Arquitetura, pelo Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos, seguindo-se o contacto com outras universidades e instituições de ensino/instituições culturais. Para este propósito recorre-se a plataformas digitais de divulgação e redes sociais com alcance internacional.

Resultados Alcançados

Foram realizadas cerca de 20 edições da PhD Weeks entre o final de 2010 e início de 2019 (por exemplo Spring 2018, Autumn 2018 e Winter 2019). As sessões tiveram lugar no Instituto Superior Técnico, nas salas 4.41, VA5, V1.04, Centro de Congressos DECivil e Arquitectura (Pavilhão Civil e Arquitectura), Auditório Abreu Faro (Complexo Interdisciplinar) e Salão Nobre (Pavilhão Central). As sessões contaram com a presença de investigadores como: José Pessôa (Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro), Maya Kairamo (Aalto University, Helsinky),  Wilfried Wang (Austin, Texas), Andrea Canziani (Politecnico di Milano, Italy), Horacio Torrent (La Pontificia Universidad Católica de Chile, Chile), José António Bandeirinha (Universidade de Coimbra, Portugal), Timo Tuomi (University of Helsinki, Finland), Miles Glendinning (University of Edinburgh, Scotland), António Pizza (ETSAB_UPC), Ricardo Agarez (KU Leuven), Maria Fernanda Rollo (IHC-UNL), Mafalda Pacheco (IST-ULisboa), João Santa Rita (IST-ULisboa), Vittorio Magnago Lampugnani (ETH Zurich), Hilde Heynen (KU Leuven), Sarah Whiting (Rice University School of Architecture, Houston), Tom Avermaete (Delft University of Technology), Marco Mulazzani (Universidade Ferrara, Itália), Elisa Pegorim (FAUP), João Pardal Monteiro (FAUL), Paulo Tormenta Pinto (Instituto Universitário de Lisboa), Bárbaro Coutinho (IST-UL), Richard Klein (Ecole d’Architecture et de Paysage de Lille), Hubert-Jan Henket (Delft University of Technology), Luiz Amorim (Universidade Federal de Pernambuco), Maria Manuel Oliveira (Escola de Arquitectura da Universidade do Minho), Tapani Mustonen (Europa Nostra, Finland), Setiadi Sopandi (Universitas Pelita Harapan, Jakarta), Christian von Oppen (Bauhaus – Universität Weimar), Harald Bodenschatz (Technische Universität Berlin), Max Welch Guerra (Bauhaus – Universität Weimar), Piero Sassi (Bauhaus – Universität Weimar), Uwe Altrock (Universität Kassel), Ruth Verde Zein (Mackenzie, São Paulo), Fernando Campos (IST-UL), Zara Ferreira (IST-UL), Naeem Abrar (IST-UL) e Marianna Cardoso (ENSAS). As conferências criam uma oportunidade de investigação e contribuem para promover um ensino de excelência e o fortalecimento de redes de investigação. Com a participação entre 50 e 100 pessoas por sessão, promoveu a divulgação de redes de investigação a nível nacional e internacional, assim como a visibilidade e o reconhecimento externo das boas práticas de investigação do IST.

A PhD Week, com o suporte do Docomomo International (organização sediada no IST), editou pela IST Press dois livros: “The Mediterranean Question“, 2016 (ISBN: 978 989 8481 53 5) e “The Shape of the City”, 2016 (ISBN: 978 989 8481 52 8).

Avaliação e Monitorização

Inicialmente, os alunos do programa do doutoramento de Arquitetura identificaram que não existia intercâmbio de ideias entre si. Visto que a apresentação da proposta à comissão de acompanhamento de tese (CAT) só ocorre uma vez durante o decorrer do doutoramento, demonstrou-se necessário realizar mais eventos que proporcionassem um ambiente de exposição e discussão saudáveis para os alunos e o sucesso das respetivas investigações.

Primeiramente, os oradores eram convidados do exterior, sendo posteriormente integrada a participação de alunos de doutoramento em discussões abertas com convidados e outros participantes, que é atualmente o cerne das PhD weeks.

Sendo a PhD week um evento que pretende fomentar uma visão de investigação em arquitetura no IST enquanto percurso coletivo e não estritamente individual, sendo por isso um medidor de sucesso contribuindo para a redução da taxa de abandono do programa de doutoramento que se verificou desde a primeira sessão.

O nível de aderência demonstrou ser outro fator de avaliação. De ano para ano, as PhD weeks contam com um número cada vez mais elevado de participantes, incluindo professores e alunos de outros anos, professores de outros departamentos e personalidades da cultura e da ciência.

Ultimamente, para promover o debate e a proximidade entre participantes, tem-se optado por modelos mais informais que os grandes auditórios, que não permitem trabalhar a disposição da sala e de adaptar o mobiliário a configurações informais, como mesas em ilhas.

Carácter Inovador e Transferibilidade

As PhD weeks para além de proporcionarem a transmissão de conhecimentos científicos e de métodos de investigação entre doutorandos, promovem o debate entre alunos, investigadores e profissionais de renome sobre temas de investigação (teses de mestrado, doutoramento,…), num ambiente informal, envolvendo os doutorandos em redes de excelência internacionais, procurando quebrar a hierarquia rígida e distanciamento existente, promovendo um espaço de colóquio, discussão e estímulo a uma investigação inovadora e ensino de excelência.

O modelo das PdD weeks, neste caso aplicado ao Doutoramento em Arquitetura, pode ser replicado facilmente para outros programas doutorais, onde deve ser salvaguardada a participação de alunos, investigadores e profissionais na mesma sessão, num ambiente informal e de forma periódica.

 

Avaliação de conhecimentos em “tempo real” através da plataforma online Kahoot

sábado, julho 27th, 2019

Educação Superior 2019

Bruna Mota, Inês Marques, Ana Póvoa (docentes DEG)

Implementação da Boa Prática

Trata-se de um modelo para avaliação de conhecimentos em tempo real efetuado aulas teóricas, correspondendo a uma percentagem da nota final (e.g. 5%). Por omissão, esta componente é parte integrante da avaliação; no caso de os alunos não pretenderem participar neste modelo de avaliação, informam os docentes, tendo em geral uma semana no início do semestre para tal. Caso não queiram participar a percentagem correspondente passa para a componente de teste.

Em cada aula teórica, são lançadas perguntas de escolha múltipla, através da plataforma online Kahoot a que os alunos respondem através de computadores, tablets ou telemóveis. Os três piores desempenhos não contam para a avaliação final.

Para estimular a participação e o espírito competitivo dos alunos, a avaliação é feita do seguinte modo:

– parte da cotação é atribuída apenas pela participação (e.g. 50%), independentemente do número de respostas corretas;

– o restante é atribuído proporcionalmente ao número de respostas corretas;

– é atribuída uma cotação bónus aos alunos que finalizam no TOP (e.g. melhores 10%).

Existem diferentes abordagens a esta última componente que passam por ter ou não em conta o tempo de resposta (fornecido pela plataforma Kahoot). Não tendo em conta o tempo de resposta, a cotação é atribuída apenas consoante o número de respostas certas, servindo o tempo de resposta apenas em caso de empate.

Esta prática pretende fomentar a participação nas aulas teóricas e o estudo contínuo ao longo do semestre. É também um modo de os alunos adquirirem uma prática de resposta a questões de escolha múltipla que será posteriormente usada em teste/exame. Permite, ainda, feedback imediato tanto aos alunos, que conseguem desde logo perceber se os conceitos foram aprendidos ou não, como aos docentes que percebem se é necessário explicar melhor a matéria em questão. É deixado tempo no final da aula para explicar o motivo das respostas certas, mas também o porquê das restantes respostas estarem erradas.

Resultados Alcançados

A prática descrita tem vindo a ser aplicada aos cursos de Licenciatura e Mestrado em Engenharia e Gestão Industrial do Instituto Superior Técnico, nas Unidades Curriculares (UCs) de Gestão de Cadeias de Abastecimento (GCA), Gestão de Operações (GO), Complementos de Investigação Operacional (CIO); ao Mestrado Integrado em Engenharia Biomédica, na UC de Sistemas e Saúde (SS) e na UC de Gestão Logística e de Operações (GLO) para os Mestrados Integrados em Engenharia Biomédica, Engenharia Química, Engenharia e Gestão da Energia, Engenharia Biológica, Engenharia de Petróleos e Engenharia Mecânica.

No 2º semestre de 2017/2018, as taxas de avaliação por Kahoot por aluno avaliado

por UC foram:

  • SS 81%

No 1º semestre de 2018/2019, as taxas de avaliação por Kahoot por aluno avaliado por UC foram:

  • GCA 74%
  • CIO 82%

No 2º semestre de 2018/2019 as taxas de avaliação por Kahoot por aluno inscrito por UC são:

  • GO 87%
  • GLO 66%

Ao longo do período de implementação desta prática pedagógica, os docentes foram-se apercebendo que alguns alunos escolhiam não participar, apesar de serem

assíduos nas aulas teóricas das UCs em questão. Para perceber as razões desta opção, que se pensava que poderiam estar ligadas a questões emocionais ou de gestão de pressão, foi elaborado um inquérito aos alunos. Pretendeu-se, ainda, perceber qual a perceção dos alunos relativamente ao modelo de avaliação que contempla uma perspetiva de competição pelo TOP.

Foi possível obter um conjunto de 176 respostas, das diversas UCs indicadas, distribuídas da seguinte forma:

  • GCA 30 (17%)
  • GO 61 (35%)
  • GLO 26 (15%)
  • CIO 31 (18%)
  • SS 28 (16%)

Das 176 respostas, 28 (16%) foram de alunos que escolheram não participar neste modelo de avaliação. As razões apontadas para esta escolha foram as seguintes:

– “Achei que iria prejudicar a minha nota final” – 4%

-“Não lido bem com momentos de pressão” – 25%

“Não tinha a certeza se conseguiria estar presente em todas as aulas” – 57%

Avaliação e Monitorização

No inquérito feito aos alunos, foi colocada uma pergunta de resposta aberta, onde os alunos poderiam sugerir oportunidades de melhoria a esta prática. As respostas foram agrupadas nos seguintes pontos principais:

  1. Respostas relacionadas com as perguntas e as respostas aos quizzes:

– Perguntas e respostas concisas, claras e não ambíguas

– Introdução de perguntas de caráter mais prático

– Número e complexidade das perguntas ajustadas ao tempo disponível (alguns sugeriram mais, outros menos perguntas) – Em cada aula, colocar perguntas sobre a matéria dada até à aula anterior, para fomentar mais o estudo contínuo, e não apenas sobre os temas discutidos na própria aula

– Possibilidade dos alunos submeterem questões para serem avaliadas por todos

– Renovação frequente das perguntas colocadas

  1. Respostas relacionadas com a correção dos quizzes:

– Deixar mais tempo para a explicação das respostas certas e erradas

– Disponibilizar os quizzes e as respetivas respostas

  1. Respostas relacionadas com o modelo de avaliação:

– Contabilizar apenas se melhorar a nota final – esta sugestão é reforçada pelos resultados do inquérito que mostrou que 46% dos alunos que escolheram não ser avaliados por este método participaram sempre no mesmo e 32% com frequência.

Estes resultados validam a hipótese levantada pelos docentes em relação aos fatores emocionais relacionados com a pressão do tempo de resposta.

– Não ter o fator “tempo de resposta” em consideração na atribuição do TOP

– Aumentar a percentagem associada a esta componente de avaliação

– Aumentar o fator Bónus (TOP) para 25% dos alunos

– Tornar o método de avaliação mais claro e percetível

  1. Respostas relacionadas com questões técnicas e/ou éticas:

– Problemas de acesso à internet na sala de aula – esta questão poderia ser contornada se esta componente for contabilizada apenas no caso de beneficiar a nota final da UC

– Perguntas simultaneamente em inglês e português (o que não é possível na plataforma kahoot)

-Desenvolver método para evitar/minimizar a possibilidade dos alunos copiarem as respostas uns dos outros – alguns alunos sugeriram a exploração de outras plataformas além do Kahoot, com outras funcionalidades

Carácter Inovador e Transferibilidade

A prática de aplicação de quizzes (perguntas de escolha múltipla) utilizando a plataforma online Kahoot já havia sido descrita anteriormente. Os aspetos inovadores que aqui são propostos dizem respeito à sua integração no modelo de avaliação da unidade curricular e também à atribuição de valores de bónus para os alunos no TOP (e.g. TOP10).

Com base na informação recolhida através do inquérito, foi possível perceber que seria importante discutir com os alunos, desde o início, o que são consideradas boas estratégias na participação nesta componente de avaliação. Em particular, consideramos importante transmitir aos alunos que o fator “tempo de resposta” tem

muito pouco impacto para a contabilização do TOP10 uma vez que o número de respostas corretas no final do semestre é, geralmente, muito variado, o que permite por si só diferenciar os alunos. Esta informação permitirá que os alunos se sintam menos pressionados em competir pelo fator “tempo” de resposta e se concentrem mais em perceber claramente a pergunta, avaliando calmamente as alternativas de respostas. Este método de participação aproxima-se mais dos objetivos propostos, de aprendizagem e trabalho contínuo ao longo do semestre.

Salienta-se, ainda, que as regras e a forma de cálculo da nota final, nesta componente de avaliação, estão detalhadamente descritos no material de cada UC.

Num exercício de benchmarking, consideramos também importante, numa fase inicial:

-ter perguntas e respostas claras, concisas, não ambíguas, e ajustadas ao tempo disponível;

– deixar tempo suficiente no final da aula para explicação das respostas certas e erradas.

Com base nas respostas obtidas, pretende-se igualmente testar e explorar outras das opções sugeridas pelos alunos, nomeadamente a possibilidade de integrar perguntas propostas pelos estudantes, variar o número de perguntas, colocar perguntas de caráter mais prático e sobre matérias discutidas em aulas anteriores.

Por outro lado, outras funcionalidades, desta ferramenta ou outras com objetivo semelhante, poderão ser também exploradas.

 

Seminário II de Aeroespacial: um exemplo de melhoria contínua de uma UC de 1º Ciclo

quinta, julho 26th, 2018

Educação Superior ● 2018

Fernando Lau (docente DEM); Gonçalo Moura , Isabel Gonçalves, Ana Lucas (NDA.Gatu)

Implementação da Boa Prática

  1. Introdução

Com a reforma do Processo de Bolonha, o plano curricular do MEAer passou a apresentar duas cadeiras de Seminário, distribuídas pelos dois primeiros anos. Na Unidade Curricular (UC) de Seminário Aeroespacial I, presente no 1º semestre do 1º ano, faz-se uma introdução ao Mundo Aeronáutico e procura-se motivar os alunos para o curso onde se encontram. A cadeira de Seminário Aeroespacial II (SAII) é dada no 2º semestre do 2º ano.

Tradicionalmente, o programa desta UC tem incluído trabalhos introdutórios ao mundo da Aviação realizados em grupo. É comum os alunos escolherem temas como a descrição de uma aeronave específica ou a caracterização de um componente. Além do relatório, os alunos fazem uma apresentação do trabalho à turma, sendo avaliados pela mesma. Pelas suas características, a UC de SAII constitui uma excelente oportunidade para desenvolver as capacidades de comunicação e trabalho em grupo dos alunos.

A equipa do Núcleo de Desenvolvimento Académico (NDA.GATu) colabora nesta UC desde o ano letivo 2008/2009. Esta colaboração tem vindo a revelar-se importante, na medida em que a equipa do NDA.GATu, tendo por base formação em Psicologia, tem permitido introduzir uma nova perspetiva aos estudantes, nomeadamente através de “feedbacks” individuais e de grupo, em contexto pré e pós apresentação em sala de aula.

A avaliação que o IST pratica nas suas UCs é tradicionalmente uma avaliação escrita, por exames, relatórios ou trabalhos. Pela própria natureza predominantemente técnica da matéria que está a ser avaliada, é raro ocorrerem avaliações orais ao longo do curso. Podemos desta forma concluir que o tipo de ensino e avaliação é o principal responsável por o aluno típico do IST concluir o seu curso sem valorizar as suas aptidões de comunicação.

  1. Funcionamento da UC – Seminário Aeroespacial II

Por se ter identificado a lacuna no currículo destes estudantes, tem vindo a ser desenvolvido um trabalho pioneiro na cadeira de Seminário Aeroespacial II, ao longo dos últimos anos. Tem-se tentado promover o desenvolvimento dos estudantes, quer ao nível dos conhecimentos necessários para a elaboração de um bom trabalho escrito, quer acima de tudo evidenciar as lacunas nas suas capacidades pedagógicas. A experiência tem sido conduzida com a colaboração do NDA.GATu.

Ao longo dos anos os contornos da colaboração têm se vindo a alterar, conforme as necessidades sentidas pelo docente responsável pela disciplina, assim como em função das sugestões de melhoria dadas pelos estudantes.

Atualmente o funcionamento da UC envolve duas componentes, a nota final NR do relatório escrito pelo Grupo e a nota final NA das apresentações dos trabalhos escritos (NA=(Média das avaliações dos alunos + Avaliação do Gatu + Avaliação do Professor)/ 3): Nota Final = 0.5 xNR + 0.5 NA

Logo na primeira aula, os alunos são distribuídos aleatoriamente em grupos de 5 ou 6 elementos. Procura-se inclusivamente que o grupo seja composto por alunos que se sentam tanto nas primeiras filas como por alunos que se sentam nas filas de trás. Com este método procura-se que os alunos se apercebam que muitas vezes terão de trabalhar com personalidades e métodos de trabalho diferentes dos seus; tendo igualmente a vantagem de contribuir para uma maior coesão da turma dado que os alunos acabam por se conhecer melhor.

Durante as semanas da realização dos trabalhos, as aulas são ocupadas por seminários dedicados a boas práticas de elaboração de relatórios e teses científicas, assim como de métodos de pesquisa de artigos no mundo académico; a seminários dedicados à divulgação da experiência de alunos em ERASMUS, a associações e/ou profissionais do meio. Logo após entregarem o relatório escrito, os estudantes passam a fazer a sua apresentação, que decorre durante as aulas, com uma duração de 20 minutos (tempo que tem sofrido alterações ao longo dos anos, por sugestão dos estudantes. Em 2017/18 o tempo de exposição será de 25minutos), seguida de uma discussão para avaliação dos pontos fortes e dos pontos a melhorar. Tipicamente procura-se fazer duas a três apresentações por cada aula de duas horas, para que sobre tempo suficiente para a discussão. Em cada aula, é entregue a cada aluno uma folha de avaliação, que deve ser devolvida no final – nesta folha, cada aluno atribui a sua avaliação ao desempenho da apresentação dos seus colegas. Tornou-se claro logo desde o início que os alunos tinham de ser ‘trazidos’ para o processo de avaliação, de forma a avaliarem-se uns aos outros e, mais importante, a autoavaliarem-se. Por esta razão, parte da nota final resulta da média das avaliações que os alunos fazem às suas apresentações.

De seguida será feita uma análise dos resultados obtidos pelos estudantes na unidade curricular e a respetiva avaliação que os estudantes dão à UC, através dos Questionários sobre o funcionamento das Unidades Curriculares (QUC).

Resultados Alcançados

Os principais resultados alcançados que serão apresentados de seguida, têm por base os registos efetuados pelo docente da UC e os resultados alcançados pelo mesmo nos QUC.

Regulamentado desde 1998 pelo Conselho Pedagógico do IST, mas em funcionamento desde 1993, no Instituto Superior Técnico, o sistema de avaliação do funcionamento das disciplinas respondia a várias solicitações, internas e externas, relativamente à necessidade de avaliar e monitorizar as atividades académicas. Em 2007, com a necessidade de adaptação ao processo de Bolonha e à realidade internacional, conduziu-se uma revisão e avaliação do próprio processo de ensino e aprendizagem que culminou com o lançamento de um sistema interno de garantia da qualidade – SIQuIST (Sistema Integrado de Qualidade do IST).

Neste âmbito foram definidas as diretrizes com vista à construção de um novo (Sub) Sistema de Garantia da Qualidade das Unidades Curriculares do IST (QUC), o qual prevê uma avaliação semestral de cada uma das Unidades Curriculares (UC) dos cursos do IST, com os seguintes objetivos centrais: a) a monitorização do funcionamento de cada UC face aos objetivos para ela estabelecidos nos planos curriculares dos cursos oferecidos pelo IST; b) a promoção da melhoria contínua do processo de ensino, aprendizagem e avaliação do Estudante e do seu envolvimento nos mesmos.

Será importante começar por evidenciar que esta unidade curricular apresenta um resultado global do docente relativo à UC e ao tipo de aula igual a 8.88 pontos (escala de pontuação de 1 a 9). Este resultado é obtido através da média das medianas dos resultados correspondentes a todas as questões referentes a três secções:

  • proveito da aprendizagem presencial
  • capacidade pedagógica
  • interação com os alunos

As taxas médias de resposta aos QUC são de elevadas, atendendo aos três últimos anos letivos (aproximadamente 89%), assim como na globalidade os estudantes avaliam positivamente todas as categorias, como é possível verificar pela avaliação global obtida.

No que respeita à organização da UC os resultados detalhados revelam que numa escala de 1 a 9 pontos, em que 1 é igual Discordo Totalmente e 9 igual a Concordo Totalmente, tendo em conta as avaliações dos últimos 3 anos letivos, aproximadamente 60% dos estudantes que avaliaram a UC concordam totalmente que os materiais de apoio fornecidos na UC foram adequados e que a UC se encontrava bem estruturada. Estes dados remetem para o facto do formato da UC estar a ser aceite e valorizado pelos estudantes, como sendo o aspeto positivo.

Igualmente são encontrados bons resultados, com um maior nível de dispersão das respostas dadas pelos 9 pontos da escala referida anteriormente, no que respeita à avaliação da UC. Tendo em conta os últimos três anos letivos a média das respostas dadas pelos estudantes, que abrangem os três últimos pontos da escala é de aproximadamente 62% de estudantes que tendem a concordar totalmente que o método de avaliação foi adequado aos conteúdos da UC, assim como 58% dos estudantes tendem a concordar totalmente que o processo de avaliação foi justo/equitativo. Estes dois pontos revelam que existe uma tendência positiva nas avaliações dos últimos três anos letivos, que remete para o facto dos estudantes tenderem a concordar totalmente com os métodos de avaliação da UC e de se sentirem avaliados de forma justa e equitativa. Este último ponto tem sido um desafio cujos dados revelam que tem estado a ser superado, na medida em que fazer com que os estudantes se sintam avaliados de forma justa, existindo três grupos de agentes de avaliação distintos (Docente, Estudantes e Equipa NDA. GATu) é algo que tem vindo a ser afinado ao longo dos anos.

Relativamente ao contributo, percecionado por parte dos estudantes, relativamente à possibilidade de adquirir e desenvolver competências através da UC, as categorias com as pontuações mais altas, onde os estudantes revelam concordar totalmente com as mesmas, foram:

  • Promover a capacidade de cooperação e comunicação (62%)
  • Aumentar a capacidade de aprendizagem autónoma (48%)
  • Aprofundar a capacidade de análise sobre as implicações do tema no contexto social e profissional (40%)

Um dos principais objetivos da UC é a promoção do desenvolvimento das capacidades de comunicação em público e de cooperação entre membros de equipas constituídas aleatoriamente. Neste sentido, esta tem sido a categoria avaliada com menos dispersão de opinião e onde se contabilizam o maior número de respostas com certeza total, por parte dos estudantes, relativamente à possibilidade de trabalhar e desenvolver estas capacidades durante a frequência da UC.

De seguida serão descritas as formas de monitorizar a colaboração entre o NDAGATu.

Avaliação e Monitorização

Relativamente à avaliação e monitorização desta parceria e dos respetivos resultados dos estudantes, tem-se vindo a desenvolver e atualizar um conjunto de práticas ao longo dos tempos.

Atualmente as notas e o desempenho académico dos estudantes têm sido monitorizados de forma regular, como é feito em qualquer UC dentro do IST.

Os cálculos da nota final dos estudantes são feitos, com base na ponderação obtida através dos diversos fatores já referidos anteriormente. Na Figura 1 é possível verificar que os resultados, globalmente, obtidos pelos estudantes são extremamente satisfatórios e que ao longo dos anos têm vindo a aumentar, sendo as oscilações de valores mínimas de ano para ano.

 Figura 1 – Média dos resultados obtidos pelos estudantes nos diferentes critérios.

No ano letivo 2015/16 o docente começou a filmar as apresentações dos estudantes, possibilitando criar uma biblioteca digital de vídeos, para que de ano para ano, os estudantes possam aprender uns com os outros; possibilitar que os próprios estudantes se revejam e consigam fazer um exercício de autoscopia; assim como possibilita uma melhor ponderação das notas atribuídas individualmente e em grupo, sendo que há sempre hipótese de rever alguns detalhes caso tenha ficado alguma dúvida.

O NDA.GATu, nesta sua parceria acaba por monitorizar o seu trabalho e garantir a equidade nas avaliações que faz, através de uma grelha de observação criada para este efeito.

Cada grupo, atualmente, recebe um conjunto de dicas que orientam a pré-apresentação e uma grelha com os critérios sobre os quais recairá a apreciação de cada membro da equipa do NDA.GATu que está a acompanhar o grupo.

Carácter Inovador e Transferibilidade

A parceria desenvolvida entre a UC de Seminário de Aeroespacial II e o NDA.GATu tem sido crescente, assim como a da discussão com os alunos no final de cada apresentação, onde se procura que os alunos comentem e critiquem os pontos fortes e a melhorar de cada aluno.

A estrutura da UC de Seminário Aeroespacial II e o próprio método de avaliação desenvolvido, estão longe de ter atingido o seu formato final. Para o efeito, muito têm contribuído as sugestões dos alunos ao longo de todo o semestre, as reflexões feitas pelo docente e pela equipa do NDA.GATu. No entanto, a experiência desenvolvida na UC tem sido extremamente esclarecedora das dificuldades que os alunos de Engenharia apresentam nas áreas da comunicação e de trabalho em grupo. O método de ensino e avaliação do IST tem de ser fortemente responsabilizado pela situação atual, na medida em que privilegia a avaliação escrita na esmagadora maioria das UC. Os alunos apercebem-se da importância que uma boa apresentação pode ter na sua vida profissional futura e mesmo na sua vida académica, o que torna esta prática extremamente passível de ser replicada e alvo de contínua reflexão.

Cursos MOOC Técnico em flipped-classroom

quinta, julho 26th, 2018

Educação Superior ● 2018

Ana Moura Santos (docente DM)

Implementação da Boa Prática

No 1º semestre de 2017/18, dois cursos MOOC Técnico mereceram destaque por terem sido integrados em práticas de flipped-classroom: o curso Energy Services (esX) e o curso Valores Próprios (vapX), aos quais a equipa do MOOC Técnico assistiu, tanto na produção e design dos cursos, como nas fases de avaliação e monitorização das práticas.

O flipped-classroom na Unidade Curricular (UC) de Álgebra Linear (AL) envolveu cerca de 90 do 1º ciclo de Engª Informática e Computadores (LEIC-TP). Os tópicos expostos no curso vapX, lançado na plataforma MOOC Técnico a 19 de novembro, correspondem aos conteúdos de um quarto do programa da UC de AL. As aulas teóricas, nas semanas de 10 a 13, foram convertidas em fóruns de discussão alargados, enquanto as aulas práticas e horários de dúvidas (H.D.) se mantiveram nos moldes habituais. A avaliação integrada no MOOC vapX, foi baseada em 5 testes (constituídos por 4 ou 5 exercícios de parâmetros aleatórios) e foi pensada para dinamizar a discussão nas sessões presenciais e H.D. no campus, podendo contar para a média final.

Na UC Gestão de Energia (GE) do 2º ciclo (Mestrados em: Engª Mecânica; Engª de Gestão de Energia, e Engª Ambiente) foram avaliados 235 alunos através da prática de flipped-classroom. O curso esX, disponibilizado entre 8 de outubro e 17 de novembro, aborda os tópicos relativos às semanas 6 a 9 e teve uma avaliação que pôde contribuir para 25% da avaliação em exame. Durante a implementação do flipped-classroom, os alunos completavam previamente as atividades do MOOC, sendo as aulas teóricas utilizadas para aprofundar e discutir os conceitos expostos online e as aulas práticas usadas para consolidar os conhecimentos através da resolução de exercícios. A avaliação do esX esteve dividida em 3 componentes: uma avaliação sobre conteúdos de cada vídeo específico (30%), numa pergunta aleatória sobre cada 1 dos 4 tópicos do MOOC (30%) e um teste final (40%). Esta última componente foi avaliada pelos pares (peer review).

Resultados Alcançados

Na perspetiva da docente da UC de AL, o método de flipped-classroom permitiu aos alunos aprofundar conhecimentos de determinados conteúdos que num ritmo habitual de aulas teóricas de exposição não seria possível alcançar. Observou ainda que não houve diminuição do número de alunos que frequentavam as aulas teóricas. Como resultado da autonomia de estudo e profundidade dos conhecimentos alcançados, num total de 90

inscritos, a taxa de aprovação final dos alunos é de 86%, com 11 alunos a finalizarem a UC com média superior a 17 valores. No curso vapX, 62 alunos da LEIC-TP finalizaram as avaliações com sucesso e os bons resultados refletiram-se, ainda, nas notas do 3º teste, em que mais de 23% dos alunos tiveram notas iguais ou superiores a 16 valores.

Podemos comparar estes resultados com os do grupo de controlo (150 alunos de outras licenciaturas): com uma taxa de alunos aprovados de 89%, mas apenas com 2 alunos a finalizar a UC com média superior a 17 valores (no 3º teste cerca de 18% dos alunos tiveram notas iguais ou superiores a 16 valores).

Ao questionário final dirigido aos alunos da UC de AL responderam 45 alunos onde, quanto à metodologia de flipped-classoom, 76% avalia a experiência como sendo relevante ou bastante relevante e 70% aprecia ou aprecia bastante uma vez que: ajuda na preparação dos testes/exames, ajuda na compreensão dos conteúdos, promove um estudo regular e contínuo tornando os alunos mais motivados mais conscientes do seu próprio método e ritmo de aprendizagem. Para além do exposto, cerca de 73% dos alunos considerou a implementação desta metodologia como essencial para a preparação do 3º teste.

No caso da UC de GE, o docente refere que, em termos globais, a avaliação é positiva e gratificante, uma vez que houve uma boa adesão por parte dos alunos a esta metodologia. Dos 269 inscritos em MEMEC, MEGE ou MEAmb, 201 registaram-se no MOOC e 197 concluíram o curso com sucesso, sendo que 133 alcançaram uma classificação acima de 90%. O docente refere ainda que os alunos, que já tinham visualizado os vídeos, levantaram questões nas aulas que suscitaram um debate mais profundo do que aconteceria caso assistissem ao tópico pela primeira vez. Menciona também que não houve desmobilização dos alunos das aulas pelo facto de estas serem “substituíveis” pela participação no MOOC. A taxa de aprovação sobre os avaliados nesta UC foi de 89%. Ao questionário final dirigido aos alunos inscritos em GE, responderam 44 alunos, onde 82% considera esta metodologia relevante ou bastante relevante e 98% aprecia ou aprecia bastante, uma vez que: possibilita acesso à matéria estruturada, facilita a gestão do tempo, impulsiona um estudo contínuo, é um método mais ativo e desafiante e, assim sendo, oferece uma maior autonomia aos alunos. Para além disso, 89% dos alunos considerou a metodologia essencial na preparação para a avaliação final.

Avaliação e Monitorização

O processo de avaliação da prática de flipped-classroom concretizou-se através da implementação de metodologias de recolha de dados quantitativas (dados finais das UC, da plataforma dos cursos MOOC e inquéritos via questionários) e qualitativas (entrevistas individuais e em grupo, observação direta e participativa), junto dos docentes e dos alunos das UC envolvidas no estudo, com a sua posterior análise.

No caso das entrevistas realizadas no âmbito da UC de AL, foi acrescentado um “grupo de controlo” constituído por 150 alunos das outras três licenciaturas a funcionar no IST-Taguspark (LEE, LEGI e LETI) que, embora tenham tido uma avaliação presencial semelhante, tiveram as aulas teóricas nos moldes habituais.

Em relação a propostas de melhoria na implementação da prática, a docente da UC de AL menciona que deve haver um guia para ajudar os alunos a orientarem-se nos prazos de visualização dos vídeos e mais feedback na resolução dos exercícios de auto-avaliação integrados no MOOC, principalmente nos de nível de dificuldade média e alta. Já o docente da UC de GE refere a necessidade de os alunos serem mais estimulados a seguir a proposta flipped-classoom assumindo as responsabilidades inerentes a esta prática, i.e.

visualizarem primeiro os conteúdos do MOOC para, posteriormente, levarem as dúvidas devidamente estruturadas para discussão nas aulas teóricas.

Quanto aos alunos entrevistados, os da UC de AL, sugerem: um maior estímulo quanto à participação nos fóruns do MOOC, uma discussão mais alargada da resolução dos exercícios e que a avaliação do MOOC tenha mais peso na nota final da UC. Por sua vez, as alunas entrevistadas da UC de GE sugerem o rápido alargamento desta metodologia a outras UC, sendo que uma aluna de mobilidade sublinha a necessidade de existirem cursos MOOC em inglês que possam cobrir integralmente currículos standard, uma vez que para alunos estrangeiros estes cursos constituem um recurso fundamental de aprendizagem em UC do IST.

Carácter Inovador e Transferibilidade

A implementação das práticas pedagógicas de flipped-classroom recorrendo a MOOC vai ao encontro da linha de ação da comissão de Trabalho “Novas Metodologias no Ensino” do Conselho Pedagógico e também constitui uma recomendação da comissão de visita ao Dep. de Matemática, em particular. É de referir que as práticas de ensino presencial com recurso a conteúdos multimédia, também referidas como práticas de blended learning, têm-se mostrado muito atrativas para alunos e docentes do ensino superior e com bons resultados em escolas de referência como p.ex. MIT, CMU e EPFL.

Ambas as experiências nas UC de AL e de GE do 1º semestre de 2017/18, com recurso aos dois cursos online, foram monitorizadas pela equipa científico-pedagógica do MOOC Técnico e constituem práticas inovadoras, tanto a nível de licenciatura como de mestrado.

Com base nos resultados das avaliações finais, nos feedbacks positivos dos docentes e alunos envolvidos na prática, pode concluir-se que o flipped-classroom com cursos MOOC Técnico têm potencialidades para fomentar uma aprendizagem mais autónoma e independente dos alunos do IST. As entrevistas aos alunos de AL e GE permitem fundamentar algumas destas afirmações, como p.ex. dos 11 alunos de LEIC-TP que se voluntariaram para comparecer, todos afirmaram que recomendariam a utilização da metodologia a outros professores. No questionário respondido pelos alunos de GE, 84% dos alunos afirmou que gostaria que esta metodologia fosse aplicada noutros conteúdos. Esta é uma prática que pode ser aplicada/implementada em muitos outros tópicos dos currículos do 1º e 2º ciclos do IST.

É, ainda, importante referir que, sendo os cursos online abertos a participantes externos e sendo estes participantes ativos nos fóruns de discussão e na avaliação por pares, toda a experiência é enriquecida com contributos externos à UC e à academia.

Uma das questões levantadas pelo grupo de discussão European Forum for Enhanced Collaboration in Teaching (2018) sobre “The European Principles for the Enhancement of Learning and Teaching”: “How are students encouraged to become actors and co-creators of their learning experience?” pode ser respondida com práticas de flipped-classroom similares às descritas nesta proposta.

Acreditamos que, com base em cursos online bem desenhados e com docentes motivados, esta metodologia pode ter sucesso na resposta aos novos desafios do ensino universitário presencial.

Implementação de avaliação formativa com metodologias ativas em aulas teóricas (Kahoot)

quarta, julho 26th, 2017

Educação Superior ● 2017

Alexandra Moutinho (docente DEM), Sofia Sá (NDA.GATu), Rui Garcia (aluno MEMec)

Implementação da Boa Prática

Face à globalização e massificação no Ensino Superior, o envolvimento e a aprendizagem dos alunos passou a ter uma importância crucial nos sistemas de Ensino e nas universidades (Witkowski & Cornell, 2015; Wanner, 2015). Como refere Wanner (2015), “o foco é mais do que nunca compreender e melhorar o envolvimento dos estudantes e, com isso, a experiência do estudante e os seus resultados” (p. 155). O envolvimento dos estudantes nas aulas tem resultados provados na relação com o seu rendimento académico, “mais do que outros indicadores, incluindo a preparação de anos anteriores” (Astin, 1993; Kinzie, 2005; Pascarella & Terenzini, 2005; Trigwell, 2005; Umbach & Wawrzynski, 2004, citados por Bouwma-Gearhart, 2012, p. 181).

Como referem Short e Martin (2011), “embora a natureza do Ensino Superior tenha sido substancialmente alterada (…) os métodos subjacentes parecem ter-se mantido, de alguma forma, estacionários”. Na verdade, “tradicionalmente, as aulas teóricas no Ensino Superior consistem nos professores a comunicar verbalmente informação aos alunos e os alunos a receber e codificar essa informação, passivamente, nas suas memórias” (Boyer, 1990; Michel, Cater III, & Varela, 2009; Stewart-Wingfield & Black, 2005 citados por Ghilay & Ghilay, 2015, p. 10). Apesar desta tendência generalizada, está amplamente provado que as aulas puramente transmissivas apresentam diversas e bem documentadas desvantagens para os alunos e respetivo processo de aprendizagem.

No entanto, autores como Burgan (2006) (citado por Gregory, 2013, p. 116), defendem que os docentes “devem continuar a utilizar aulas expositivas, mas torná-las mais efetivas”, pois os alunos precisam de informação dada de forma direta e clara (op.cit), porque possibilita apresentar informação inexistente noutros locais (Nasmith and Steinert, 2001, citados por Smith & Cardaciotto, 2011). Assim, segundo Smith e Cardaciotto (2011), a combinação das tradicionais aulas expositivas com momentos ativos “deve ser explorada” e os momentos expositivos podem ser “suplementados com métodos de instrução mais envolventes” (Levintova & Mueller, 2015, p.14) permitindo a criação de conexões reais com o docente, em interações promotoras de aprendizagens significativas durante a aula (Gregory, 2013).

É assim possível, em sala, observar comportamentos que sugerem um envolvimento ativo por parte dos alunos. Segundo Franklin (2005, citado por Fotaris et al, 2016), alguns deles são: ouvir atentamente, atenção focada e com contato visual, responder às questões do docente, participar ativamente em atividades, nomeadamente jogos como “quem quer ser milionário” e sistemas de resposta automática/cliquers como Kahoot, utilizar competências de resolução de problemas, entre outros.

Estas metodologias promovem não só um envolvimento melhor dos alunos durante a aula, como se assumem, per si, momentos de avaliação formativa, “avaliação realizada especificamente para gerar feedback sobre a performance de forma a melhorar e acelerar a aprendizagem” (Sadler, 1998, citado por Nicol, D. J., & Macfarlane‐Dick, D., 2006). Desta forma docente e alunos ficam mais conscientes sobre o nível de aprendizagem do grupo e podem definir estratégias para ultrapassar os desafios encontrados durante a aula.

Neste sentido, foram implementados momentos de avaliação formativa com metodologias ativas nas aulas teóricas de Controlo de Sistemas, ministradas no 3º ano dos cursos de Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica e de Licenciatura em Engenharia e Arquitetura Naval. Esta implementação arrancou no início do segundo semestre do ano letivo de 2016/17 e tem ocorrido em todas as aulas ministradas nesta Unidade curricular.

O recurso utilizado tem sido a plataforma Kahoot, um sistema de resposta automática que permite ao docente apresentar questões, normalmente de escolha múltipla. Estas questões são respondidas pelos alunos (idealmente com identificação anónima) com tempo limite, através de dispositivos eletrónicos (PC, Tablet, Smartphone), sendo as respostas automaticamente validadas. É apresentado também um gráfico de barras após o término do tempo de resposta, indicando quantos alunos responderam a cada opção e qual a opção correta. Esta ferramenta de avaliação formativa permite ao docente e aos alunos analisar em tempo real o grau de conhecimento face às questões colocadas e identificar os aspetos (erros comuns) que requerem mais esclarecimentos. Por outro lado, promove a realização de momentos de aprendizagem ativa durante a aula teórica. Nas figuras Figura 1 e Figura 2 apresenta-se um exemplo de aplicação de Kahoot realizado numa aula.

  Figura 1 – Ecrã com a questão colocada pelo professor

Figura 2 – Ecrã para resposta dos alunos à questão colocada na Figura 1

Salienta-se ainda que é possível também guardar os resultados obtidos durante a aplicação do Kahoot para análise posterior (Figura 3 e Figura 4).

 Figura 3 – Excel parcial com melhores resultados obtidos durante a aplicação de um Kahoot (4 questões) em aula teórica

 Figura 4 – Excel parcial com piores resultados obtidos durante a aplicação de um Kahoot (4 questões) em aula teórica

Resultados Alcançados

Foi aplicado em aula um questionário breve para aferir a opinião dos alunos relativamente à implementação do Kahoot em sala de aula. Abaixo apresentam-se as questões colocadas assim como os respetivos dados obtidos na resposta de 85 alunos.

Em relação à questão “Assinala as 3 principais vantagens da utilização do Kahoot nas aulas teóricas”, em que foram dadas as opções:

  1. Aulas mais interativas
  2. Perceber melhor o que entendi e o que não entendi
  3. Quebra na transmissão teórica da matéria
  4. Receber feedback instantâneo quanto ao meu grau de conhecimento
  5. Ajuda a manter a atenção nas aulas
  6. Perceber o raciocínio na escolha da resposta certa e na eliminação das erradas
  7. A possibilidade de discutir as opções com os/as colegas
  8. Outras Quais?

 

os alunos responderam nas proporções indicadas no gráfico apresentado na Figura 5. As três principais vantagens foram “Aulas mais interativas” (70.2%), “Perceber melhor o que entendi e o que não entendi” (65.5%) e “Receber feedback instantâneo quanto ao meu grau de conhecimento” (53.6%).

Figura 5 – Respostas à questão “Assinala as 3 principais vantagens da utilização do Kahoot nas aulas teóricas”

Em relação à questão “Assinala as 3 principais desvantagens da utilização do Kahoot nas aulas teóricas”, em que foram dadas as opções:

  1. Perda de tempo / atividade irrelevante
  2. Quebra na transmissão teórica da matéria
  3. Necessidade de ter um dispositivo compatível e funcional na aula
  4. Ter que participar nesses momentos da aula
  5. Menos tempo para a exposição teórica
  6. Agitação gerada nesses momentos
  7. Perguntas são sempre de escolha múltipla
  8. Outras Quais?

Os alunos responderam nas proporções indicadas no gráfico da Figura 6. As três principais desvantagens foram “Agitação gerada nesses momentos” (58.8%), “Necessidade de ter um dispositivo compatível e funcional na aula” (45.9%) e “Perguntas são sempre de escolha múltipla” (32.9%).

Figura 6 – Respostas à questão “Assinala as 3 principais desvantagens da utilização do Kahoot nas aulas teóricas”

Relativamente à questão “Devo continuar a utilizar o Kahoot nas aulas teóricas?”, 98.9% dos alunos responderam afirmativamente, sendo que, destes, 56.5% preferem que o Kahoot apenas seja aplicado uma vez por aula (Figura 7).

Figura 7 – Respostas à questão “Devo continuar a utilizar o Kahoot nas aulas teóricas?” 

À questão “Achas que deve ser utilizado também nas aulas práticas desta Unidade Curricular”, 70.6% dos alunos consideram que não (Figura 8).

Figura 8 – Respostas à questão “Achas que deve ser utilizado também nas aulas práticas desta Unidade Curricular?”

À questão “Achas que deve ser utilizado noutras Unidades Curriculares também?”, 92.9% dos alunos responderam afirmativamente (Figura 9).

Figura 9 – Respostas à questão “Achas que deve ser utilizado noutras Unidades Curriculares também?”

Apresentam-se de seguida algumas das respostas obtidas na pergunta de texto livre “Diz algo sobre a tua experiência com a implementação do Kahoot em aulas teóricas”:

  • “A professora Alexandra Moutinho implementa este sistema nas aulas de Controlo de Sistemas e permite ter aulas dinâmicas sem nunca esquecer o objectivo pedagógico final. Este método coloca os alunos com alto nível de concentração e em competição saudável (e divertida) com os seus colegas”;
  • “Tem sido bastante bom, ajuda a perceber o raciocínio das perguntas de escolha múltipla dos testes”;
  • “O Kahoot! permite ter uma noção do conhecimento e duma forma interativa aprender e absorver certos aspectos da matéria que, se fossem dados apenas pela exposição teórica, não seriam apreendidos”;
  • “Melhora a aprendizagem de conceitos teóricos e fiquei muito feliz quando fiquei em primeiro”;
  • “Gosto da aplicação dos kahoot nas aulas. Pessoalmente não vejo desvantagens na utilização deste método, mas escolhi três porque era obrigatório. Gosto muito :)”;
  • “Inicialmente não me pareceu muito positivo, devido à confusão que se gerava, mas ao longo do semestre com a diminuição da assiduidade dos alunos, a utilização dos kahoot tornou se muito mais vantajoso”;
  • “Penso que é útil para cativar os alunos, especialmente nas teóricas, onde muitos estão presentes fisicamente, mas a sua atenção está em outra actividade”;
  • “Fez-me prestar mais atenção as aulas. O acompanhamento da matéria foi mais fácil e senti mais envolvimento do professor. Otima iniciativa”;
  • “Ajudou-me a assentar novos conhecimentos duma maneira muito mais permanente do que uma comum aula teórica”;
  • “Peso das vantagens muito superior em relação às desvantagens”
  • “Bom para saber o meu nível de conhecimento da matéria através de competitividade saudável entre os alunos”;
  • “Dou aulas noutra faculdade e comecei a usar o mesmo método lá. Excelente ideia!”;
  • “Considero que me ajudou a resolver certos equívocos na compreensão da matéria que provavelmente só seriam reparados aquando do estudo para testes”;
  • “Efectivamente é a única aula teórica a que consigo perceber a matéria, prestar atenção e estudar. E ao mesmo tempo”;
  • “É bastante interactivo e aumenta a atenção nas aulas de alunos que não têm interesse na matéria. Aumenta a competitividade na aula durante o Kahoot. É bastante satisfatório quando se fica em primeiro lugar”;
  • “Permite ter mais atenção durante as aulas e dinamiza e estimula a participação. Também é um excelente método na medida em que no fim da aula percebemos, através das questões, quais os principais tópicos a abordar e o método de raciocínio na resolução dos problemas”;
  • “Penso que é uma maneira inovadora de chamar a atenção dos alunos que por enquanto é bastante eficaz. Para além disso ajuda na compreensão da matéria dada na aula, ajudando-nos a estar a par da matéria. Requer um esforço adicional dos professores e se for bem explorado ajuda até mesmo a expor a matéria teórica/prática. Pessoalmente tem me ajudado imenso na disciplina de controlo, pelo que sou a favor. No entanto penso que tem de ser bem organizado pois é motivo de alguma agitação”;
  • “É interessante porque o próprio sistema de pontuação embora anónimo faz-me estar atento para no final tentar ficar no top. E fundamentalmente torna a aula muito mais interativa e retira a normal monotonia de uma aula teórica comum. É uma boa ferramenta de apoio à aula e de feedback se a matéria está a ser aprendida ou não”;
  • “Mudou a minha atenção à aula bem como aumentou a vontade de aparecer na aula”;
  • “Presença mais assídua nas aulas e avaliação instantânea dos conhecimentos”;
  • “Muito bom. Motiva e faz alguma pressao saudavel para estudarmos em casa. Acorda os alunos!”

Avaliação e Monitorização

A implementação desta prática nas aulas teóricas, por constituir uma prática inovadora, foi acompanhada de um certo nível de expectativa nomeadamente sobre o seu efeito na satisfação dos alunos e nos resultados da Unidade Curricular.

Em relação à satisfação dos estudantes, nas primeiras aulas, o nível de atenção face à reação dos alunos às atividades propostas foi elevado. Apesar das reações positivas, considerou-se necessária a realização do questionário de satisfação para aferir melhor o feedback dos alunos. Propõe-se a realização deste questionário em próximos semestres de aplicação da prática para monitorizar se a aplicação desta metodologia continua a ser do agrado dos estudantes.

No que toca aos resultados obtidos na Unidade Curricular, far-se-á a comparação dos obtidos neste semestre com os de semestres anteriores – nomeadamente das notas dos testes de avaliação contínua – para aferir se a aplicação de metodologias ativas surtiu efeitos neste sentido. Propõe-se a realização desta comparação em todos os semestres em que as metodologias de aprendizagem ativa, incluindo avaliação formativa, sejam implementadas.

Carácter Inovador e Transferibilidade

As aulas teóricas no ensino superior são, de um modo geral, expositivas, com reduzida participação dos alunos mesmo quando solicitada. A utilização do Kahoot permite que todos os alunos, mesmo os mais tímidos, participem nas aulas, respondendo às questões colocadas. O espírito competitivo do Kahoot, que permite atribuir uma pontuação por resposta certa e proporcional à rapidez na mesma, motiva os alunos a participar. O gráfico de barras que é apresentado no fim do tempo de resposta atribuído a cada questão, indicando quantos alunos responderam a cada opção, permite ao professor (e alunos) verificar quais os erros mais frequentes e esclarece-los atempadamente antes das avaliações.

Os aspetos inovadores na utilização deste tipo de ferramenta em aulas teóricas são: i) a dinâmica criada na aula, ii) o feedback imediato à avaliação formativa feita, e iii) o espírito competitivo em forma de jogo, motivador da participação dos alunos.

O Kahoot é uma aplicação gratuita e acessível a toda a comunidade. Apesar de ter algumas limitações (ex. limite de carateres nas perguntas e respostas, limite de 4 respostas, tipologia das questões é principalmente de escolha múltipla), a sua utilização é intuitiva e de fácil aprendizagem. Necessita, porém, que a sala de aula tenha boa cobertura wifi (o que não se verifica, infelizmente, em todo o campus Alameda). A transferibilidade desta prática para outros estabelecimentos de ensino superior foi já demonstrada, como testemunhou um dos alunos na sua resposta livre: “Dou aulas noutra faculdade e comecei a usar o mesmo método lá. Excelente ideia!”.

No Instituto Superior Técnico é ministrada uma formação pelo Núcleo de Desenvolvimento Académico – GATu, denominada “Ferramentas Online em Sala de Aula: Kahoot”, de 120 minutos, aberta a todos(as) os(as) docentes do IST e da Universidade de Lisboa onde se podem adquirir os conhecimentos necessários para iniciar a aplicação desta plataforma em sala de aula.

Por outro lado, todos os(as) docentes interessados(as) em assistir às aulas teóricas de Controlo de Sistemas são bem vindos(as), dado que a visualização da aplicação permitirá ter uma perspetiva mais ampla da dinâmica estabelecida em sala de aula.

Da aprendizagem já feita durante a sua (curta) aplicação este semestre, surgem as seguintes recomendações:

  • Formulação das questões e respetivas respostas deve ser clara e concisa;
  • Realizar um Kahoot por aula com cerca de 4 questões de modo a haver tempo de esclarecer eventuais dúvidas e não ocupar demasiado o tempo necessário à exposição da matéria;
  • As questões devem focar principalmente a matéria determinante (base) da unidade curricular;
  • As opções de resposta fornecidas devem cobrir os erros típicos no raciocínio de modo a ser possível identificar e esclarecer os mesmos em sala de aula, antecipando a ocorrência destes em avaliação.